quarta-feira, 21 de março de 2012

Dos Sermões de São Leão Magno, papa (Sermo 15, De passione Domini, 3-4: PL 54,366-367) (Séc. V)

        

Contemplemos a paixão do Senhor

        Quem venera realmente a paixão do Senhor deve contemplar de tal modo, com os olhos do coração, Jesus crucificado, que reconheça na carne do Senhor a sua própria carne.
         Trema a criatura perante o suplício do seu Redentor, quebrem-se as pedras dos corações infiéis e saiam para fora, vencendo todos os obstáculos, aqueles que jaziam debaixo de seus túmulos. Apareçam também agora na cidade santa, isto é, na Igreja de Deus, como sinais da ressurreição futura e realize-se nos corações o que um dia se realizará nos corpos.
          A nenhum pecador é negada a vitória da cruz e não há homem a quem a oração de Cristo não ajude. Se ela foi útil para muitos dos que o perseguiam, quanto mais não ajudará os que a ele se convertem?
         Foi eliminada a ignorância da incredulidade, foi suavizada a aspereza do caminho, e o sangue sagrado de Cristo extinguiu o fogo daquela espada que impedia o acesso ao reino da vida. A escuridão da antiga noite cedeu lugar à verdadeira luz.
        O povo cristão é convidado a gozar as riquezas do paraíso, e para todos os batizados está aberto o caminho de volta à pátria perdida, desde que ninguém queira fechar para si próprio aquele caminho que se abriu também à fé do ladrão arrependido.
        Evitemos que as preocupações desta vida nos envolvam na ansiedade e no orgulho, de tal modo que não procuremos, com todo o afeto do coração, conformar-nos a nosso Redentor na perfeita imitação de seus exemplos. Tudo o que ele fez ou sofreu foi para a nossa salvação, a fim de que todo o Corpo pudesse participar da virtude da Cabeça.
        Aquela sublime união da nossa natureza com a sua divindade, pela qual o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14), não excluiu ninguém da sua misericórdia senão aquele que recusa acreditar. Como poderá ficar fora da comunhão com Cristo quem recebe aquele que assumiu a sua própria natureza e é regenerado pelo mesmo Espírito por obra do qual nasceu Jesus? Quem não reconhece nele as fraquezas próprias da condição humana? Quem não vê que alimentar-se, buscar o repouso do sono, sofrer angústia e tristeza, derramar lágrimas de compaixão, eram próprios da condição de servo?
        Foi precisamente para curar a nossa natureza das antigas feridas e purificá-la das manchas do pecado, que o Filho Unigênito de Deus se fez também Filho do Homem, de modo que não lhe faltasse nem a humanidade em toda a sua realidade, nem a divindade em sua plenitude.
        É nosso, portanto, o que esteve morto no sepulcro, o que ressuscitou ao terceiro dia e o que subiu para a glória do Pai, no mais alto dos céus. Se andarmos pelos caminhos de seus mandamentos e não nos envergonhamos de proclamar tudo o que ele fez pela nossa salvação na humildade do seu corpo, também nós teremos parte na sua glória. Então se cumprirá claramente o que prometeu:  Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus (Mt 10,32).

Dos Sermões de São Bernardino de Sena, presbítero (Sermo 2, de S. Ioseph: Opera 7, 16.27-30) (Sec. XV)


Guarda fiel e providente

         É esta a regra geral de todas as graças singulares concedidas a qualquer criatura racional: quando a divina providência escolhe alguém para uma graça singular ou para um estado elevado, concede à pessoa assim eleita todos os carismas que são necessários ao seu ministério.
        Isto verificou-se de forma eminente em São José, pai putativo do Senhor Jesus Cristo e verdadeiro esposo da Rainha do mundo e Senhora dos Anjos, que foi escolhido pelo Eterno Pai para guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o Filho de Deus e a Virgem Maria. E fidelissimamente desempenhou este ofício; por isso lhe disse o Senhor: Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor.
        Consideremos São José diante de toda a Igreja de Cristo: não é acaso ele o homem eleito e singular, por meio do qual e sob o qual, de modo ordenado e honesto, se realizou a entrada de Cristo no mundo? Se portanto toda a Santa Igreja é devedora à Virgem Mãe, porque por meio dela recebeu Cristo, assim também, logo a seguir a ela, deve a São José uma singular gratidão e reverência,
        Ele é na verdade o termo da Antiga Aliança, nele a dignidade dos Patriarcas e dos Profetas alcança o fruto prometido. Ele é o único que realmente alcançou aquilo que a divina condescendência lhes tinha prometido.
        E não devemos duvidar que a intimidade, a reverência e a sublime dignidade que Cristo lhe tributou, enquanto procedeu na terra como filho para com seu pai, decerto também lha não negou no Céu, mas antes a completou e consumou.
        Por isso não é sem motivo que o Senhor lhe diz: Entra na alegria do teu Senhor. De facto, apesar de ser a alegria da bem-aventurança eterna que entra no coração do homem, o Senhor prefere dizer-lhe: Entra na alegria, para insinuar misteriosamente que a alegria não está só dentro dele, mas o circunda de todos os lados e o absorve e submerge como abismo sem fim.
        Lembrai-vos de nós, São José, e intercedei com as vossas orações junto do vosso Filho; tornai-nos também propícia a Virgem vossa Esposa, que é a Mãe d’Aquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos sem fim. Amém.

terça-feira, 20 de março de 2012

Congregação para a Doutrina da Fé



NOTA
SOBRE A EXPRESSÃO
«IGREJAS IRMÃS»


1. A expressão Igrejas irmãs aparece frequentemente no diálogo ecumênico, sobretudo entre católicos e ortodoxos, e constitui para ambas as partes do diálogo objeto de aprofundamento. Embora exista um uso da expressão sem dúvida legítimo, foi-se difundindo, por outro lado, na hodierna literatura ecumênica, um modo ambíguo de a utilizar. Tendo em conta a doutrina do Concílio Vaticano II e as sucessivas intervenções do Magistério pontifício, achou-se oportuno recordar qual o uso próprio e adequado da expressão, fazendo-o preceder de um breve aceno à história da mesma.


I. Origem e evolução da expressão


2. No Novo Testamento, não se encontra a expressão Igrejas irmãs como tal. Encon­tram-se, todavia, numerosas indicações que exprimem as relações de fraternidade existentes entre as Igrejas locais da antiguidade. A passagem do Novo Testamento que de forma mais explícita reflete uma tal consciência é a frase final de 2 Jo 13: «Saúdam-te os filhos da tua irmã dilecta». São saudações que uma comunidade eclesial envia a outra. A comunidade que as envia chama-se a si mesma irmã da outra.

3. Na literatura eclesiástica, a expressão começa a ser empregada no Oriente, a partir do século V, quando se vai difundindo a idéia da Pentarquia, segundo a qual, à cabeça da Igreja se encontram os cincos Patriarcas, com a Igreja de Roma a ocupar o primeiro lugar entre as Igrejas irmãs patriarcais. A propósito, note-se que nenhum Pontífice Romano reconheceu semelhante equiparação das sedes e jamais aceitou que à sede romana fosse reconhecido apenas um primado de honra. Tenha-se igualmente presente que no Ocidente não se desenvolveu a estrutura patriarcal, típica do Oriente.

Como é sabido, nos séculos sucessivos as divergências entre Roma e Constantino­pla levaram a mútuas excomunhões, com «conseqüências, que, por quanto é possível julgá-las, ultrapassaram as intenções e as previsões dos seus autores, que aplicavam as censuras às pessoas visadas e não às Igrejas, não entendendo romper a comunhão eclesiástica entre as sedes de Roma e de Constantinopla».[1]

4. A expressão aparece novamente em duas cartas dos Patriarcas Nicetas de Nicomédia (ano 1136) e João X Camateros (no cargo, de 1198 a 1206), onde estes protestavam contra Roma, que, apresentando-se como mãe e mestra, teria anulado a autoridade dos mesmos. Segundo eles, Roma é apenas a primeira entre irmãs de igual dignidade.

5. Nos tempos recentes, o primeiro a utilizar a expressão Igrejas irmãs foi o Patriarca Ortodoxo de Constantinopla Atenágoras I. Acolhendo os gestos fraternos e o apelo à unidade que lhe dirigia João XXIII, exprime ele várias vezes nas suas cartas o desejo de ver rapidamente restabelecida a unidade entre as Igrejas irmãs.

6. O Concílio Vaticano II emprega a expressão Igrejas irmãs para qualificar as relações fraternas das Igrejas particulares entre si: «No Oriente existem muitas Igrejas particulares ou locais, entre as quais têm o primeiro lugar as Igrejas patriarcais, e muitas destas se gloriam de ter sido estabelecidas pelos próprios Apóstolos. Por isso, entre os orientais sempre foi grande, e continua a sê-lo, o cuidado e a preocupação de conservar, na comunhão da fé e da caridade, aquelas fraternas relações, que, como entre irmãos, devem existir entre as Igrejas locais».[2]

7. O primeiro documento pontifício em que se encontra o termo irmãs aplicado às Igrejas é o Breve Anno ineunte de Paulo VI ao Patriarca Atenágoras I.[3] Depois de ter manifestado a vontade de fazer o possível para «restabelecer a plena comunhão entre a Igreja do Ocidente e a Igreja do Oriente», o Papa põe-se a pergunta: «Já que em cada Igreja local se realiza este mistério do amor divino, não derivará talvez daí a expressão tradicional, segundo a qual as Igrejas dos vários lugares começaram a chamar-se entre si irmãs? As nossas Igrejas viveram durante séculos como irmãs, celebrando juntas os concílios ecumênicos que defenderam o depósito da fé contra qualquer alteração. Agora, depois de um longo período de divisão e de incompreensão recíproca, o Senhor, não obstante as dificulda­des que no passado surgiram entre nós, dá-nos a possibilidade de nos redescobrirmos como Igrejas irmãs».

8. A expressão passará a ser usada frequentemente por João Paulo II em numerosos discursos e documentos, de que aqui se recordam apenas os principais, por ordem cronológica:
Na Encíclica Slavorum Apostoli: «Estes [Cirilo e Metódio] são para nós os campeões e, ao mesmo tempo, os patronos no esforço ecumênico das Igrejas irmãs do Oriente e do Ocidente, para reencontrar, através do diálogo e da oração, a unidade visível na comunhão perfeita e total».[4]

Numa Carta de 1991 aos Bispos europeus: «Com aquelas Igrejas [as Igrejas ortodoxas], devem portanto cultivar-se relações como entre Igrejas irmãs, segundo a expressão do Papa Paulo VI no Breve ao Patriarca de Constantinopla Atenágoras I».[5]

Na Encíclica Ut unum sint, o tema é desenvolvido sobretudo no n. 56, que começa deste modo: «Depois do Concílio Vaticano II e refazendo-se a essa tradição, foi restabeleci­do o uso de atribuir o termo Igrejas irmãs às Igrejas particulares ou locais, reunidas à volta do seu Bispo. A supressão que depois se fez das recíprocas excomunhões, removendo um doloroso obstáculo de ordem canônica e psicológica, constituiu um passo muito significativo no caminho para a plena comunhão. O número termina com um desejo: A expressão tradicional Igrejas irmãs deveria contentemente acompanhar-nos neste caminho. O tema é retomado no n. 60, onde se observa: Mais recentemen­te, a comissão mista internacional deu um passo significativo na questão tão delicada do método a seguir na procura da plena comunhão entre a Igreja católica e a Igreja ortodoxa, questão que muitas vezes exasperou as relações entre católicos e ortodoxos. Pôs ela as bases doutrinais para uma solução positiva do problema, com fundamento na doutrina das Igrejas irmãs».[6]


II. Indicações sobre o uso da expressão


9. As referências históricas expostas nos parágrafos precedentes mostram a importância que a expressão Igrejas irmãs assumiu no diálogo ecumênico. Isso realça ainda mais a importância de um uso teologicamente correto da mesma.

10. De fato, em sentido próprio, Igrejas irmãs são exclusivamente as Igrejas particulares (ou os agrupamentos de Igrejas particulares, como por exemplo os Patriarcados e as Metrópoles) entre si.[7] Deverá resultar sempre claro, mesmo quando a expressão Igrejas irmãs é usada neste sentido próprio, que a Igreja Universal, una, santa, católica e apostólica, não é irmã mas mãe de todas as Igrejas particulares.[8]

11. Pode falar-se de Igrejas irmãs em sentido próprio, também em referência a Igrejas particulares católicas e não católicas. Assim, também a Igreja particular de Roma pode chamar‑se irmã de todas as Igrejas particulares. Mas, como se observou, não se pode dizer propriamente que a Igreja Católica é irmã de uma Igreja particular ou grupo de Igrejas. Não se trata apenas de uma questão de terminologia, mas sobretudo de respeitar uma verdade fundamental da fé católica, que é a unicidade da Igreja de Jesus Cristo. Existe efetivamente uma única Igreja[9] e, portanto, o plural Igrejas só se pode referir às Igrejas particulares.

Por conseguinte, deve evitar-se como fonte de mal-entendidos e de confusão teológica o uso de fórmulas como “as nossas duas igrejas”, que insinuam–se aplicadas à Igreja católica e ao conjunto das Igrejas ortodoxas (ou a uma Igreja ortodoxa)– um plural não só a nível de Igrejas particulares, mas a nível da Igreja una, santa, católica e apostólica, professada no Credo e cuja existência real apareceria assim ofuscada.

12. Enfim, há que ter presente também que a expressão Igrejas irmãs em sentido próprio, como testemunha a Tradição comum do Ocidente e do Oriente, só se pode aplicar exclusivamente às comunidades eclesiais que conservaram um Episcopado válido e uma Eucaristia válida.

Roma, Sede da Congregação para Doutrina da Fé, 30 de Junho de 2000.

 + Joseph Card. RatzingerPrefeito
                                                            + Tarcisio Bertone, S.D.B.
                                                            
Arcebispo Emérito de Vercelli
                                                             Secretário


Notas:

[1] PAULO VI e ATENÁGORAS I, Declaração comum Pénétrés de reconnaissance (7-XII-1965), n. 3: AAS 58 (1966) 20. As excomunhões foram reciprocamente levantadas em 1965: «o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras I no seu Sínodo (...) declaram de comum acordo (...) que também deploram e cancelam da memória e do seio da Igreja as sentenças de excomunhão».  (ib., n. 4); cf. também PAULO VI, Carta Apost. Ambulate in dilectione (7-XII-1965): AAS 58 (1966) 40-41; ATENÁGORAS I, Tomo (7-XII-1965): EV 2, n. 500.
[2] CONC. VATICANO II, Decr. Unitatis redintegratio, n. 14.
[3] PAULO VI, Breve Anno ineunte (25-VII-1967): AAS 59 (1967) 852-854; também in EV 2, nn. 1514-1517 e in Tomos Agapis. Vatican-Phanar 1958-1970 (Romae et Istambul 1970) 388-390, n. 176.
[4] JOÃO PAULO II, Carta Apost. Slavorum Apostoli (2-VI-1985), n. 27: AAS 77 (1985) 807-808.
[5] JOÃO PAULO II, Carta aos Bispos europeus sobre As relações entre Católicos e Ortodoxos na nova sistemação da Europa central e oriental (31-V-1991), n. 4: AAS 84 (1992) 167; também em EV 13, nn. 387-408.
[6] JOÃO PAULO II, Carta Apost. Ut unum sint (25-V-1995), nn. 55, 56 e 60: AAS 87 (1995) 921-982.
[7] Cf. os textos do Decr. Unitatis redintegratio, n. 14, e do Breve Anno ineunte de Paulo VI a Atenágoras I, acima citados nas notas 2 e 3.
[8] Cf. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Carta Communionis notio (28-V-1992), n. 9: AAS 85 (1993) 838-850.
[9] Cf. CONCÍLIO VATICANO II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 8; CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Mysterium Ecclesiae (24-VI-1973), n. 1: AAS 65 (1973) 396-408.

Sete Dores e Alegrias de São José

 

Primeira Dor de São José

Oh! Esposo puríssimo de Maria Santíssima, glorioso São José, assim como foi grande a amargura de vosso coração na perplexidade de abandonardes vossa castíssima Esposa, assim foi inexplicável a vossa alegria, quando pelo Anjo vos foi revelado o soberano mistério da encarnação.

Por esta vossa dor e por esta vossa alegria, vos rogamos a graça de consolardes agora e nas extremas dores, a nossa alma com a alegria de uma boa morte semelhante à vossa entre Jesus e Maria.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória

Segunda Dor de São José

Oh! felicíssimo Patriarca, glorioso São José, que fostes escolhido para o cargo de pai adotivo do Verbo Humanado, a dor que sentistes ao ver nascer em tanta pobreza o Deus Menino, que se transformou em celeste júbilo ao escutardes a angélica melodia e ao verdes a glória daquela brilhantíssima noite.

Por esta vossa dor e por esta vossa alegria, suplicamos a graça de nos alcançardes que depois da jornada desta vida, passemos a ouvir os angélicos louvores e gozar os resplendores da glória celeste.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória

Terceira Dor de São José

Oh! obedientíssimo executor das divinas leis, glorioso São José, o sangue preciosíssimo, que na Circuncisão derramou o Redentor Menino vos transpassou o coração, mas o nome de Jesus vo-lo reanimou, enchendo-o de contentamento.
Por esta vossa dor e por esta vossa alegria, alcançai-nos que, sendo arrancados de nós os vícios nesta vida, com o nome de Jesus no coração e na boca expiremos cheios de júbilo.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória

Quarta Dor de São José

Oh! fidelíssimo Santo, que também tivestes parte nos mistérios de nossa redenção, glorioso São José, se a profecia de Simeão a respeito do que Jesus e Maria tinham de sofrer vos causou mortal angústia, também vos encheu de sumo gozo pela salvação e gloriosa ressurreição, que igualmente predisse, teria de resultar para inumeráveis almas.

Por esta vossa dor e por esta vossa alegria, obtende-nos que sejamos aqueles que, pelos méritos de Jesus e pela intercessão da Virgem Sua Mãe, têm de ressuscitar gloriosamente.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória

Quinta Dor de São José

Oh! vigilantíssimo guardião, íntimo familiar do Filho de Deus encarnado, glorioso São José, quanto penastes para alimentar e servir o Filho do Altíssimo, particularmente na fuga que com ele houvestes de fazer ao Egito!
Mas, qual não foi também vossa alegria terdes sempre convosco o mesmo Deus e por verdes cair por terra os ídolos do Egito.

Por esta vossa dor e por esta vossa alegria, alcançai-nos que, expelindo longe de nós o inferno tirano, especialmente com a fuga das ocasiões perigosas, sejam derrubados de nosso coração todos os ídolos de afetos terrenos e que inteiramente empregados no serviço de Jesus e de Maria, para eles somente vivamos e felizmente morramos.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória

Sexta Dor de São José

Oh! anjo da terra, glorioso São José, que cheio de pasmo vistes o Rei do Céu submisso aos vossos mandatos, se a vossa consolação, ao reconduzi-lo do Egito, foi turbada pelo temor do Arquelau, sossegado pelo Anjo, permanecestes alegre em Nazaré com Jesus e Maria.

Por esta vossa dor e por esta vossa alegria, alcançai-nos que, desocupado o nosso coração de vãos temores, gozemos paz de consciência, vivamos seguros com Jesus e Maria, e também entre eles morramos.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória

Sétima Dor de São José

Oh! exemplar de toda santidade, glorioso São José, que perdestes sem culpa vossa o Menino Jesus, e para maior angústia houvestes de buscá-lo por três dias, até que com sumo júbilo gozastes do que era vossa vida, achando-o no templo entre os doutores.

Por esta vossa dor e esta vossa alegria, suplicamos, com o coração nos lábios, que interponhais o vosso valimento para que nunca nos suceda perdermos a Jesus por culpa grave, mas se por desgraça o perdermos, com tão contínua dor o procuremos, que o achemos favorável, especialmente a gozá-lo no céu e lá cantarmos convosco eternamente Suas divinas misericórdias.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória

Ladainha de São José


Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Deus Pai do Céu, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do Mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Santa Maria, rogai por nós.
São José, rogai por nós.
Ilustre descendente de Davi, rogai por nós.
Luz dos Patriarcas, rogai por nós.
Esposo da Mãe de Deus, rogai por nós.
Guarda da Virgem pura, rogai por nós.
Pai nutrício do Filho de Deus, rogai por nós.
Insigne defensor de Cristo, rogai por nós.
Chefe da Sagrada Família, rogai por nós.
José justíssimo, rogai por nós.
José castíssimo, rogai por nós.
José prudentíssimo, rogai por nós.
José fortíssimo, rogai por nós.
José obedientíssimo, rogai por nós.
José fidelíssimo, rogai por nós.
Espelho de paciência, rogai por nós.
Amador da pobreza, rogai por nós.
Modelo dos operários, rogai por nós.
Honra da vida doméstica, rogai por nós.
Guarda das virgens, rogai por nós.
Amparo das famílias, rogai por nós.
Alívio dos infelizes, rogai por nós.
Esperança dos enfermos, rogai por nós.
Padroeiro dos moribundos, rogai por nós.
Terror dos demônios, rogai por nós.
Protetor da Santa Igreja, rogai por nós.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

"Deus o constituiu Senhor de sua casa.
E príncipe de toda a posteridade."


Oremos: Oh! Deus, que, por uma infalível providência, vos dignastes escolher o bem-aventurado São José para Esposo de Vossa Mãe Santíssima, concedei-nos que aquele mesmo, que na Terra veneramos como protetor, mereçamos tê-lo no Céu, como intercessor.
Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.

Acrescentar estas breves súplicas à Santíssima Trindade: Eterno Pai, pelo amor que tendes a São José, que entre todos o escolhestes para ser vosso representante aqui na terra, tende piedade de mim.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
Eterno Divino Filho, pelo amor que tendes a São José, vosso fidelíssimo guarda na terra, tende piedade de mim.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
Eterno Divino Espírito Santo, pelo amor que tendes a São José, que com tanta solicitude guardou a Maria Santíssima, vossa esposa predileta, tende piedade de mim.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

Termina-se com as seguintes invocações:

Oh! excelso Esposo de Maria e Pai Adotivo de Jesus, pelo tesouro de vossa perfeição, obediência a Deus, tende compaixão de mim.
Pela vossa santa vida cheia de méritos, ouvi-me.
Pelo vosso poderosíssimo nome, ajudai-me.
Pelo vosso clementíssimo coração, favorecei-me.
Pelas vossas santas lágrimas, tende compaixão das minhas.
Pelos vossos dolorosos suspiros, tende piedade do meu sofrer.
Pelas vossas sete dores, tende compaixão de mim.
Pelos vossos sete gozos, consolai-me o coração.
São José, ouvi-me!
São José, atendei-me!
São José, tende compaixão de mim!
De todo mal da alma e do corpo, livrai-me!
Socorrei-me com a vossa santa proteção e na vossa misericórdia e poder alcançai-me do Senhor aquilo que me é necessário e especialmente a graça que necessito.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

 
Finalmente, com grande devoção e convicção, diga-se o credo.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Oração Triságio Angélico à Santíssima Trindade



Oração indulgênciada pelo Papa Clemente XIV
       Triságio do grego, tris-agion significa (três vezes Santo), é o nome que se dá à aclamação de louvor «Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal», testemunhado pela primeira vez no Concílio de Calcedônia (451). O triságio encontra suas raízes no Antigo Testamento, no livro de Isaías, capítulo 6, versículo 3: "Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos, a terra inteira está repleta de sua glória."
 

REZA-SE:

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!

Oferecimento

Para ganhar as indulgências, os que rezarem o Triságio.

Rogamos-te, Senhor, pelo estado da Santa Igreja e Prelados dela; pela exaltação da fé católica, extirpação das heresias, paz e concórdia entre os príncipes cristãos, conversão de todos os infiéis, hereges e pecadores; pelos agonizantes e caminhantes, pelas benditas almas do purgatório e mais piedosos fins de nossa Santa Madre Igreja. Amém.



V. Bendita seja a santa e indivídua Trindade, agora e sempre por todos os séculos dos séculos.
R. Amém.
V. Abri, Senhor, meus lábios.
R. E a minha boca anunciará vossos louvores.
V. Meu Deus, em meu favor benigno atende.
R. Senhor, apressai-vos a socorrer-me.
V. Glória seja ao Eterno Pai.
Glória seja ao Eterno Filho.
Glória ao Espírito Santo.
R. Amém. Aleluia.

(no tempo da Quaresma se diz conforme abaixo):

R. Louvor seja a ti, Senhor, Rei da eterna glória.



Ato de Contrição

Amorosísimo Deus, trino e uno, Pai, Filho e Espírito Santo, em quem creio, em quem espero, a quem amo com todo o meu coração, corpo, alma, sentidos e potências; por serdes Vós meu Pai, meu Senhor e meu Deus, infinitamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas; pesa-me, Trindade Santíssima, pesa-me, Trindade misericordiosíssima, pesa-me, Trindade amabilíssima, de vos ter ofendido só por serdes Vós quem sois; proponho, e vos dou palavra, de nunca mais vos ofender e de morrer antes do que pecar; espero de vossa suma bondade e misericórdia infinita, que me perdoareis todos os meus pecados, e me dareis graças para perseverar num verdadeiro amor e cordialíssima devoção a vossa sempre amabilíssima Trindade. Amém.


HINO:

Já se afasta o sol radioso,
Ó luz perene, ó Trindade,
Infunde em nós ardoroso
O fogo da caridade.

Na alvorada te louvamos
E na hora vespertina;
Concede-nos que o façamos
Também na glória divina.

Ao Pai, ao Filho e a Ti,
Espírito consolador,
Sem cessar como até aqui
Se dê eterno louvor. Amém.


 
ORAÇÃO AO PAI

Ó Pai Eterno, fora o prazer de vos possuir, eu não vejo mais do que tristeza e tormento, embora digam outra coisa os amadores da vaidade. Que me importa que diga o sensual que sua felicidade está em gozar de seus prazeres? Que me importa que diga também o ambicioso que seu maior contentamento é gozar de sua glória vã? Eu pela minha parte nunca cessarei de repetir com vossos Profetas e Apóstolos, que a minha suma felicidade, meu tesouro e minha glória é unir-me a meu Deus, e manter-me inviolavelmente unido a Ele.

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria, e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos exércitos, cheios estão os céus e a terra de vossa glória.
(responde-se, se possível em coro):
Glória ao Pai, glória ao Filho, glória ao Espírito Santo.
 

ORAÇÃO AO FILHO


Ó Verdade eterna, fora da qual eu não vejo outra coisa senão enganos e mentiras. Oh! E como tudo me aborrece à vista de vossos suaves atrativos! Oh! Como me parecem mentirosos e asquerosos os discursos dos homens, em comparação das palavras da vida, com as quais Vós falais ao coração daqueles que vos escutam. Ah! Quando será a hora em que Vós me tratareis sem enigma e me falareis claramenteno no seio de vossa glória? Oh! Que trato! Que beleza! Que luz!

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.


ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO

Ó Amor, ó Dom do Altíssimo, centro das doçuras e da felicidade do mesmo Deus; que atrativo para uma alma ver-se no abismo de vossa bondade e toda cheia de vossas inefáveis consolações! Ah! Prazeres enganadores! Como haveis de poder comparar-vos com a menor das doçuras que um Deus, quando quer, sabe derramar sobre uma alma fiel? Oh! Se uma só partícula delas é tão deliciosa, quanto mais será quando Vós as derramardes como uma torrente sem medida e sem reserva? Quando será isto, meu Deus, quando será?

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.


Antífona

A ti, Deus Pai, a ti, Filho Unigênito, a ti, Espírito Santo, Paráclito, santa e indivídua Trindade, de todo coração te confessamos, louvamos e bendizemos. A ti seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

V. Bendigamos ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Louvemo-lo e exaltemo-lo em todos os séculos.


Oração

Senhor Deus uno e trino, dai-me continuamente vossa graça, vossa caridade e a vossa comunicação para que no tempo e na eternidade vos amemos e glorifiquemos. Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo numa deidade por todos os séculos dos séculos. Amém.

 DEPRECAÇÃO DEVOTA À SANTÍSSIMA TRINDADE:

Deprecação quer dizer: Súplica.

V : Pai Eterno, Onipotente Deus! R: Que toda criatura vos ame e glorifique.
V : Verbo Divino, Imenso Deus! ...
V : Espírito Santo, Infinito Deus! ...
V : Santíssima Trindade e um só Deus Verdadeiro!...
V : Rei dos Céus, Imortal e Invisível!...
V : Criador, conservador e governador de todo o criado!...
V : Vida nossa, em Quem, por Quem, de Quem e por Quem vivemos!...
V : Vida Divina e uma em três pessoas!...
V : Céu divino de excelcitude majestosa!...
V : Céu Supremo do céu, oculto aos homens!...
V : Sol Divino e incriado!...
V : Círculo perfeitíssimo de capacidade infinita!...
V : Alimento Divino dos anjos!...
V : Belo íris, arco de clemência!...
V : Astro primeiro e Trino, que iluminais o mundo!...


V : De todo o mal de alma e Corpo! R: Livrai-nos, Trino Senhor!
V : De todo pecado e ocasião de culpa! ...
V : De Vossa ira e indignação! ...
V : Da morte repentina e improvisa! ...
V : Das insídias e assaltos do demônio! ...
V : Do espírito de desonestidade e das suas sugestões! ...
V : Da concupiscência da carne! ...
V : De toda ira, ódio e má vontade! ...
V : Das pragas da peste, fome, guerra e terremoto! ...
V : Dos inimigos do fé católica! ...
V : De nossos inimigos e suas maquinações! ...
V : Da morte eterna! ...
V : Por Vossa Unidade em Trindade e Trindade em Unidade! ...
V : Pela igualdade essencial de vossas pessoas! ...
V : Pela sublimidade do mistério de vossa Trindade! ...
V : Pelo inefável nome da Vossa Trindade! ...
V : Pelo portentoso de Vosso nome, Uno e Trino! ...
V : Pelo muito que vos agradam as almas que são devotas de Vossa Santíssima Trindade! ...
V : Pelo grande amor com que livrais dos males aos povos onde há algum devoto de Vossa Trindade Amável! ...
V : Pela virtude divina, que nos devotos de vossa Trindade santíssima, reconhecem os demônios contra si mesmos! ...

V : Nós pecadores! R: Rogamo-Vos, ouvi-nos!
V : Que saibamos resistir ao demônio com as armas da devoção à Vossa Trindade! ...
V : Que embelezeis cada dia mais, com as cores da Vossa graça, Vossa imagem que está em nossas almas! ...
V : Que todos os fiéis se esmerem em ser muito devotos de Vossa Santíssima Trindade ! ...
V : Que todos alcancemos as muitas felicidades que estão vinculadas para os devotos dessa  Vossa Trindade adorável! ...
V : Que ao confessarmos os mistérios de Vossa Trindade, se desfaçam os erros dos infiéis! ...
V : Que todas as almas do purgatório gozem muito refrigério em virtude do Mistério de Vossa Trindade! ...
V : Que Vos digneis ouvir-nos pela Vossa piedade! ...
V : Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, livrai-nos, Senhor, de todo mal! ...


Obséquios ou oferecimentos à Santíssima Trindade
 
1. Ó beatíssima Trindade, eu vos prometo que com todo esforço e empenho hei de procurar salvar minha alma, visto como Vós a criastes à vossa imagem e semelhança e para o céu. E também por amor Vosso procurarei salvar as almas de meu próximo.
2. Para salvar minha alma e dar-vos glória e louvor, sei que hei de guardar a divina lei; eu empenho minha palavra de a guardar como a menina de meus olhos e procurar, outrossim, que os outros a guardem.
3. Aqui na terra hei de exercitar-me em louvar-Vos e espero fazê-lo depois com maior perfeição no céu; e por isso com freqüência rezarei o triságio e o verso: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. E procurarei, além disso, que os outros Vos louvem. Amém.

 

[1] O Papa Clemente XIV concedeu 100 dias de indulgência para cada dia que se reze: 100 mais três vezes no dia, nos domingos, na festa da Santíssima Trindade e durante a sua oitava, e Indulgência Plenária a quem o rezar todos os dias durante um mês, confessando e comungando no dia do mês que se escolher.[2] Invocação semelhante Nosso Senhor ensinou à Santa Faustina: “Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, tende piedade de mim e de todos os pecadores, etc” , jaculatória que a Santa rezava entre uma dezena e outra do terço.
 

Fonte:"Caminho Reto e Seguro para Chegar ao Céu" - Santo Antonio Maria Claret - Editora Ave Maria, São Paulo - págs. 155/166)

Do Tratado sobre a oração de Tertuliano (Cap. 28-29: CCL 1,273-274) século III

        

         A oração é o sacrifício espiritual que aboliu os antigos sacrifícios. Que me importa a abundância de vossos sacrifícios? – diz o Senhor. Estou farto de holocaustos de carneiros e de gordura de animais cevados; do sangue de touros, de cordeiros e de bodes, não me agrado. Quem vos pediu estas coisas? (Is 1,11).
         O Evangelho nos ensina o que pede o Senhor: Está chegando a hora, diz ele,em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Deus é espírito (Jo 4,23.24), e por isso procura tais adoradores.
         Nós somos verdadeiros adoradores e verdadeiros sacerdotes, quando, orando em espírito, oferecemos o sacrifício espiritual da oração, como oferenda digna e agradável a Deus, aquela que ele mesmo pediu e preparou.
         Esta oferenda, apresentada de coração sincero, alimentada pela fé, preparada pela verdade, íntegra e inocente, casta e sem mancha, coroada pelo amor, é a que devemos levar ao altar de Deus, acompanhada pelo solene cortejo das boas obras, entre salmos e hinos; ela nos alcançará de Deus tudo o que pedimos.
         Que poderia Deus negar à oração que procede do espírito e da verdade, se foi ele mesmo que assim exigiu? Todos nós lemos, ouvimos e acreditamos como são grandes os testemunhos da sua eficácia!
         Nos tempos passados, a oração livrava do fogo, das feras e da fome; e no entanto ainda não havia recebido de Cristo toda a sua eficácia.
        Quanto maior não será, portanto, a eficácia da oração cristã! Talvez não faça descer sobre as chamas o orvalho do Anjo, não feche a boca dos leões, não leve a refeição aos camponeses famintos, não impeça milagrosamente o sofrimento; mas vem em auxílio dos que suportam a dor com paciência, aumenta a graça aos que sofrem com fortaleza, para que vejam com os olhos da fé a recompensa do Senhor, reservada aos que sofrem pelo nome de Deus.
        Outrora a oração fazia vir as pragas, derrotava os exércitos inimigos, impedia a chuva necessária. Agora, porém, a oração autêntica afasta a ira de Deus, vela pelo bem dos inimigos e roga pelos perseguidores. Será para admirar que faça cair do céu as águas, se conseguiu que de lá descessem as línguas de fogo? Só a oração vence a Deus. Mas Cristo não quis que ela servisse para fazer mal algum; quis antes que toda a eficácia que lhe deu fosse apenas para servir o bem.
        Conseqüentemente, ela não tem outra finalidade senão tirar do caminho da morte as almas dos defuntos, robustecer os fracos, curar os enfermos, libertar os possessos, abrir as portas das prisões, romper os grilhões dos inocentes. Ela perdoa os pecados, afasta as tentações, faz cessar as perseguições, reconforta os de ânimo abatido, enche de alegria os generosos, conduz os peregrinos, acalma as tempestades, detém os ladrões, dá alimento aos pobres, ensina os ricos, levanta os que caíram, sustenta os que vacilam, confirma os que estão de pé.
        Oram todos os anjos, ora toda criatura. Oram à sua maneira os animais domésticos e as feras, que dobramos joelhos. Saindo de seus estábulos ou de suas tocas, levantam os olhos para o céu e não abrem a boca em vão, fazendo vibrar o ar com seus gritos. Mesmo as aves quando levantam vôo, elevam-se para o céu e, em lugar de mãos, estendem as asas em forma de cruz, dizendo algo semelhante a uma prece.
        Que dizer ainda a respeito da oração? O próprio Senhor também orou; a ele honra e poder pelos séculos dos séculos.

domingo, 11 de março de 2012

As Virtudes Teologais

 
Catecismo de São Pio X


Precisamos aprender como devemos agir. Já que Deus nos deu tantas coisas boas, é normal que procuremos viver dentro de Sua Lei, praticando o bem, amando a Deus e ao próximo. Para nos ajudar a bem agir, Deus nos dá uma grande ajuda, soprando dentro de nossas almas as Virtudes e os Dons do Espírito Santo.

[A natureza humana é dotada de forças habituais, enraizadas, muitas vezes adquiridas pela repetição constante dos atos correspondentes. Essas forças são chamadas habitus. Os habitus podem ser bons ou maus. Habitus bom, chama-se virtude. Habitus mau chama-se vício. Estamos, aqui, falando da natureza, forças comuns a todos os homens, virtudes naturais.
Quando, porém, é o próprio Deus quem sopra em nossas almas essas virtudes, elas já não vem da natureza  e já não são comuns a todos os homens. Elas passam a se chamar virtudes sobrenaturais ou infusas, por ter em Deus sua fonte e por ter a Deus por referência, quando praticamos os seus atos. Assim, uma pessoa pode ser boa por virtude natural de bondade. Esta virtude lhe trará o reconhecimento e o aplauso dos homens, mas não terá nenhum vínculo direto com sua salvação eterna. Quando, pela graça santificante, a virtude é sobrenatural, além do aplauso dos homens, ela terá o aplauso de Deus e lhe servirá para a vida eterna. Essa distinção entre ordem natural e ordem sobrenatural é muito importante.]

As virtudes são, então, como que uma força habitual, que não desaparece com facilidade, que nos leva a viver retamente, praticando o bem e evitando o mal. Elas sempre acompanham a graça santificante. Nós recebemos as virtudes pela primeira vez na hora do Batismo. Depois, quando pecamos gravemente, perdemos todas aquelas jóias de Deus. Mas a Confissão, devolvendo a graça, devolve também as virtudes que tínhamos perdido pelo pecado.

Quando nós não praticamos atos de virtude, acabamos adquirindo na alma uma força má, que é o contrário da virtude. Esta força má chama-se vício. Os vícios também são muito difíceis de desaparecer da alma. Por isso é preciso muito esforço para não deixar eles entrarem na nossa alma, pois nos levam ao pecado.

Como nós veremos adiante, existem virtudes que nos levam a conhecer e amar a Deus - são as virtudes teologais, a , a Esperança e a Caridade.
Mas também existem muitas outras virtudes que nos levam a agir corretamente em tudo o que fazemos. São as virtudes cardeais: Prudência, Justiça, Força e Temperança.
Cada uma dessas sete virtudes, três teologais e quatro cardeais, traz consigo outras virtudes.
Por exemplo: praticando atos da virtude de Força, poderemos também agir com Coragem. Já a virtude de Temperança nos ajuda a praticar a Castidade ou ainda a Humildade. E assim por diante. Vamos estudar uma série dessas virtudes, o que nos ajudará a conhecer melhor o fundo de nossas almas, para seguir sempre o caminho do amor de Deus.

As Virtudes Teologais

As Virtudes Teologais, como o nome indica, são as virtudes que nos fazem agir bem em relação a Deus. Elas são essencialmente sobrenaturais, pois, além de serem dons divinos, elas se dirigem a Deus nos seus atos. E isso deve nos levar a agradecer muito a Deus. Além de nos ajudar a praticar os atos de virtude necessários para o nosso dia a dia, Nosso Senhor nos infunde na alma virtudes tão especiais que nos levam à sua intimidade, nos devolve a imagem e semelhança divinas que perdemos pelo pecado. Vamos ver como isso se realiza.

A Virtude da Fé

Nosso Pai Celeste revelou-nos os seus segredos divinos. Tudo o que Ele diz é verdade, pois Ele é a Verdade Eterna; Deus não pode nem se enganar nem nos enganar. Por isso devemos aceitar como verdade tudo aquilo que Deus nos revelou, sabendo com segurança que tudo é verdade, e edificar nossas vidas sobre esta base: Devemos crer em Deus.

Deus se revelou no Antigo Testamento pelos profetas. Mas, principalmente, Deus se revelou por seu próprio Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Somente quem conhece Jesus conhece também o Pai. Por isso devemos ouvir a palavra de Jesus Cristo, que é o Evangelho, e nas nossas orações sempre meditar e pensar na sua vida, paixão, morte e ressurreição. Foi a Santa Igreja Católica que recebeu de Deus autoridade para nos ensinar tudo aquilo que Deus nos revelou. Devemos obedecer à Igreja, seguir seus mandamentos, suas regras de vida e acreditar em tudo o que ela nos manda crer.

Não podemos crer, ou seja, praticar atos de Fé, sem a graça de Deus.  Por isso, devemos sempre pedir a graça santificante. No Batismo, o Divino Espírito Santo nos deu o dom da Fé.  A Fé é como os olhos da alma, com os quais podemos perceber, desde já, os mistérios divinos que contemplaremos face a face no céu.

A vida de Fé

Não podemos viver sempre na infância. Assim como crescemos e devemos aprender as coisas de gente grande, assim também devemos crescer na Fé e no conhecimento de Deus.  Para isso devemos estudar a santa doutrina, no catecismo, e nas leituras, conferências, ouvindo atentamente o sermão do padre.

Não esqueçam que vivemos numa época em que as pessoas se acham capazes de ler qualquer coisa que lhes aparece. E vão trazendo o mal da dúvida para seus corações. Quando o padre dizia: não leia tal livro, ele sabia que a salvação eterna daquelas almas estava em perigo. E não basta crer no íntimo do coração. Devemos também professar a nossa Fé publicamente.
Nunca devemos negar a Fé em Deus. Eis o que Jesus disse sobre isso: «Aquele que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, a este negarei eu também diante de meu Pai».

Os Pecados contra a Fé

Pecamos contra a Fé quando deixamos ela de lado, esquecendo das coisas de Deus, ou quando a colocamos em perigo. Quem raramente ou nunca vai a Missa; quem não estuda o Catecismo; quem lê livros que ensinam coisas erradas sobre Deus e sua Igreja;peca contra a Fé, principalmente, quem admite dúvidas contra aquilo que aprendemos da Santa Igreja Católica; hoje é comum ouvir: eu sou católico, mas não acredito nesse ponto ou naquele.

Há muitos que não acreditam em Adão e Eva, que não acreditam no inferno, ou no demônio. Outros não crêem mais na Presença Real de Jesus na Hóstia consagrada. Eles escolhem do dogma católico o que lhes convém. É esse  o sentido da palavra heresia: escolher, separar  por opiniões próprias. O pecado mais grave contra a Fé comete quem a renega, abandonando a Igreja Católica, passando para falsas religiões.

Quem possui a virtude da Fé?

A virtude da Fé é própria dos viajantes e peregrinos. Assim são chamados os que ainda vivem neste mundo, onde temos por obrigação trabalhar para alcançar a Pátria verdadeira, no Céu. A Fé, sendo um conhecimento obscuro de Deus, nos faz conhecer com um véu impedindo a visão total. No céu, a visão será face a face, não haverá mais véu. A visão substitui a Fé. Os santos do Paraíso não precisam mais da Fé, pois vêem a Deus tão bem quanto Ele nos vê.

Mas aqueles que escolhem alguns pontos do Depósito Sagrado e rechaçam outros não têm mais fé, deixam de ser católicos. Isso é muito sério e se explica: o fundamento da Fé não é a evidência científica das verdades reveladas, mas sim o fato de serem reveladas por Deus. É o princípio de autoridade que fundamenta a Fé. Ora, se uma pessoa nega um dos pontos que seja, está recusando a autoridade daquele que revela. Passa a aceitar os demais pontos, não porque Deus é infalível, mas  porque lhe interessa aceitar. A própria pessoa passa a ser o critério da verdade, o que faz dela seu próprio deus. E ela não é mais católica.

Vemos também que a Fé nos ajuda a praticar os três primeiros mandamentos da Lei de Deus: tendo Fé, amaremos a Deus sobre todas as coisas, nunca diremos nada contra Deus e encontraremos muitas alegrias indo à Missa aos Domingos e rezando todos os dias.

A Fé é como uma raiz da qual nascem todas as demais virtudes.

Por isso devemos rezar muito para que DEUS conserve em nós a FÉ, também nos conceda a FÉ a quem não tem, pois a FÉ é um dom de DEUS e ela só vem com muita muita, muita ORAÇÃO.


A Virtude da Esperança

A virtude da Esperança é uma virtude infusa por Deus em nossa alma, pela qual nós temos como certa a ajuda divina para alcançarmos o céu. 

Pode parecer curioso que seja necessária uma virtude só para isso, além do mais uma virtude teologal, ou seja, toda ela relativa a Deus, mas não é tão difícil entender o por quê.
Sabemos que a Fé nos traz um conhecimento certo de Deus. Mas este conhecimento é obscuro, ou seja, conhecemos a Deus mas não podemos ainda vê-Lo.

Sabemos também que a virtude da Caridade nos traz o verdadeiro amor de Deus, que esse amor já é um começo da vida eterna, e que no céu, esse amor será eterno e nos encherá de uma alegria e felicidade extrema. Mas sabemos também o quanto é difícil manter nossas almas longe do pecado, como nós abandonamos a Deus com facilidade, perdendo o seu amor.

Por isso, poderia surgir em nós uma dúvida sobre nossas possibilidades de alcançar o céu e a vida eterna. Se essa dúvida fosse muito forte, nós desanimaríamos no combate contra nossas imperfeições e contra nossos pecados.

É justamente por isso que Deus nos dá a virtude da Esperança. Com ela sabemos que Deus nunca deixará de nos ajudar com suas graças e por isso estaremos sempre prontos para lutar contra as tentações e contra nossos pecados.

Estaremos sempre prontos a pedir perdão no confessionário, pois temos certeza que Deus nos perdoará e nos trará novas forças para não mais pecar. Com isso fica claro que nossa vida de virtudes nos ajuda a conquistar o céu, pois quando praticamos o bem e fugimos do mal, recebemos a recompensa de Deus.

A virtude da Esperança é, então, a certeza que temos da ajuda de Deus para possuí-Lo, nesta vida, pela graça santificante, e no céu, pela glória eterna.


Os pecados contra a virtude da Esperança

Existem dois tipos de pecados contra a virtude da Esperança: a presunção e o desespero.

A presunção consiste em acharmos que podemos possuir a Deus, tanto pela graça (na vida terrena) quanto na vida eterna, sem a ajuda de Deus. Isso acontece muito em pessoas que levam uma vida longe de Deus, sem corrigir seus pecados, sem confissão e comunhão, e que acham que, apesar disso, Deus lhes dará a salvação.

O desespero consiste em achar que nunca poderemos alcançar a vida eterna, ou que Deus nunca nos perdoará dos nossos pecados. Isso acontece com freqüência em pessoas que passam por muitos sofrimentos e não têm confiança no socorro de Deus.

Quando sofremos muito, devemos nos voltar para Deus na oração, com firme certeza da ajuda de Deus que, infinitamente misericordioso, nos ajudará a nos levantar da queda do pecado.

Quem possui a virtude da Esperança?

Todos os fiéis que vivem na terra em estado de graça.
No céu, os bem-aventurados não possuem mais esta virtude porque já vivem na possessão eterna de Deus e não podem, assim, esperar alcançá-la.

Na nossa vida, precisamos viver sempre em função da Fé e da Esperança que Deus nos dá. Essa vida se realiza, na verdade, pelo amor de Deus que é a terceira virtude teologal, a Caridade.
  

A Virtude da Caridade


Assim como a Fé é a virtude que nos dá o conhecimento certo de Deus, assim também a Caridade é o verdadeiro amor de Deus.

Para que nossa alma tenha verdadeiro amor por uma pessoa é preciso que ela primeiro conheça esta pessoa. Não podemos amar quem não conhecemos.

A Fé nos dá o conhecimento. A Caridade nos faz amar a Deus como Ele é, como O conhecemos pela Fé. A Caridade é a terceira virtude teologal, porque é Deus quem a infunde em nosso coração e, sobretudo, porque ela nos faz amar a Deus. Ela é toda relativa a Deus.

Amamos a Deus por causa da Sua perfeição infinita e de sua bondade. Deus é o próprio amor. Por isso, quando amamos alguém na caridade, esse amor nos foi dado por Deus.

Muitas vezes acontece de Deus chamar uma alma mais generosa a um amor mais elevado. Ele  descobre, por assim dizer, os segredos do seu Divino Coração, quando vê no coração de alguém uma correspondência ao infinito amor que Ele nos demonstra. É na intimidade da oração, no silêncio interior, que podemos descobrir este caminho luminoso e pleno.

O Amor por si mesmo e o Amor ao Próximo

Porém, para manifestar a Caridade na nossa vida, além de viver em estado de graça, além de rezar e desejar estar unidos a Deus, devemos amar a nós mesmos e ao próximo. O que quer dizer isto?

O amor a Deus compreende, implicitamente, o amor de Suas obras. Entre elas, mais do que todas, devemos amar as que mais se parecem com o próprio Deus. Aqui na terra, são os homens que receberam de Deus esta semelhança.

Por isso, devemos amar a nós mesmos e ao próximo, porque aí descobrimos um pouco como é Deus. Antes de amar ao próximo, devemos amar a nós mesmos. Claro, não devemos amar nossas fraquezas, nossos pecados, mas sim aquilo que em nós manifesta a grandeza e a bondade de Deus.

Devemos amar a nós mesmos porque conhecemos a nós mesmos e também porque devemos desejar a nossa própria salvação acima de tudo. Devemos amar nossa alma, criada semelhante a Deus, remida pelo Sangue de Cristo e predestinada à glória do Paraíso.

Como provamos o amor por nós mesmos?

Trabalhando para a nossa salvação. Vida de oração, freqüência dos Sacramentos, cumprindo em tudo a Santa Lei de Deus.

Devemos amar ao próximo, em Deus, por amor de Deus, na medida em que o próximo é digno desse amor, ou seja, na medida em que ele reflete essa bondade infinita de Deus.
Nosso próximo, em primeiro lugar, são nossos pais e familiares, nossos amigos, nossos conhecidos, etc. Às vezes, devemos manifestar nosso amor a Deus fazendo o bem a alguém que não conhecemos. Alguém que ajudamos na rua, uma informação que damos, um copo d'água, uma esmola... Mas devemos sempre nos lembrar que o amor ao próximo depende inteiramente do amor de Deus.

A virtude da Caridade deve ser praticada sempre. É um mandamento de Deus, o primeiro mandamento de Sua Lei: Amar a Deus sobre todas as coisas. Deus quer ser amado e quer que amemos aqueles que Ele ama. De diversas maneiras Deus provou que nos ama: primeiro, nos criando, nos tirando do nada; depois, apesar do pecado de Adão e Eva e de todos os nossos pecados, nos salvando pela morte na Cruz de Seu Filho. Ele pede nossa retribuição, que consiste em louvá-Lo, glorificá-Lo, obedecê-Lo e amá-Lo sempre. Por isso devemos rezar, assistir à Santa Missa, cumprir nossas obrigações para com Ele e para com o próximo.

Pecados contra a Caridade

Todos os pecados mortais, pois eles são ofensas a Deus que ferem seu amor por nós. Ao pecar, nos colocamos acima de Deus;

Preguiça ou tibieza espiritual: fraquezas nos atos de amor a Deus, como o desânimo na oração, distração na Missa, fraqueza nas mortificações, etc.

Ódio contra Deus: é o pecado que vai diretamente contra o amor de Deus; é a fuga e o abandono de Deus. Devemos rezar por tantas almas que encontramos, que manifestam o ódio de Deus, muitas vezes pelo indiferentismo religioso, apenas deixando a Deus de lado, não querendo saber dele.

Devemos aumentar muito nossas orações, para que DEUS aumente e conserve sempre em nós a virtude da caridade e a conceda aos que não a possui ou estão distante Dele.