domingo, 28 de abril de 2013

Revelações de Santa Brígida


Palavras de Cristo a sua esposa sobre o modo e respeito com que ela deve se manter na oração
e sobre três classes de pessoas que servem a Deus neste mundo.


[Saint Bridget of Sweden]


"Sou teu Deus, aquele que foi crucificado, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem 
em uma única pessoa, e sou aquele que, a cada dia, está nas mãos dos sacerdotes. 
Quantas vezes me fizerem orações, sempre acabarão dizendo que se faça minha 
vontade e não a sua, porque quando roga pelos condenados, não lhe ouço, nem 
quando você pede o que é contra a sua salvação. E assim, é conveniente que 
submeta sua vontade a minha, porque sei e alcanço todas as coisas e darei a você o 
que a convém. Há muitos que fazem orações, mas não com reta intenção, e assim 
não merecem ser ouvidos. Há três tipos diferentes de pessoas que me servem.
Os primeiros não creem que sou Deus doador de todas as coisas e onipotente e 
me servem porque lhes dou bens e honra, mas não apreciam as coisas do Céu, as 
trocam justamente por ter aquilo que desejam neste mundo e por isso perderiam com 
gosto o Paraíso. A estes tais, tudo lhe acontece próspero no mundo de acordo com o 
que desejam e, desta maneira, perdem os bens eternos, dou-lhes em bens temporais 
todo bem que fazem por mim, pagando-lhes de forma justa pelo que fizeram.
O segundo tipo são aqueles que acreditam que sou Onipotente e Juiz rigoroso e
me servem por puro medo da pena eterna, mas não por amor à virtude e, se não 
fosse o temor que têm, esses não me serviriam. 
O terceiro tipo são pessoas que crêem que sou Criador de todas as coisas e 
verdadeiro Deus, justo e misericordioso e assim me servem, não por medo da pena 
eterna, mas por amor e, prefeririam passar e sofrer penas infinitas em vez de 
ofender-me uma só vez, se assim, lhes for possível. 
Estes merecem ser ouvidos em suas orações, porque sempre dispõem sua vontade 
com a minha. Os primeiros têm um castigo eterno e não verão meu rosto, já os 
segundos, todavia, não terão tão grande castigo e não verão minha face se não 
mudarem seus corações por um que sinta apenas puro amor a mim e, o conseguirão 
fazer somente pela prática da penitência." 

Dos Sermões de São Máximo de Turim, bispo (Sermo 53,1-2.4:CCL23,214-216) (Séc.V)




Cristo é o dia

        "A ressurreição de Cristo abre a mansão dos mortos, os neófitos da Igreja renovam a terra e o Espírito Santo abre as portas do céu. A mansão dos mortos aberta devolve seus habitantes, a terra renovada germina os ressuscitados, o céu reaberto recebe os que para ele sobem.
        O ladrão sobe ao paraíso, os corpos dos santos entram na cidade santa, os mortos retornam à região dos vivos. E de certo modo, pela ressurreição de Cristo, todos os elementos são elevados a uma dignidade mais alta.
        A habitação dos mortos restitui ao paraíso os que nela estavam detidos,a terra envia ao céu os que foram nela sepultados, o céu apresenta ao Senhor os que recebe em suas moradas. E por um único e mesmo ato, a paixão do Salvador retira o ser humano das profundezas, eleva-o da terra e o coloca no alto dos céus.
        A ressurreição de Cristo é vida para os mortos, perdão para os pecadores, glória para os santos. Por isso, o santo profeta convida todas as criaturas para a festa da ressurreição de Cristo, exultando e se alegrando neste dia que o Senhor fez.
        A luz de Cristo é um dia sem noite, um dia sem fim. O Apóstolo nos ensina que este dia é o próprio Cristo, quando afirma: A noite já vai adiantada, o dia vem chegando (Rm 13,12). Ele diz que a noite já vai adiantada e não que ela ainda virá, a fim de compreendermos que a chegada da luz de Cristo afasta as trevas do demônio e dissipa a escuridão do pecado; com seu esplendor eterno ela vence as sombras tenebrosas do passado e impede toda a infiltração dos estímulos pecaminosos.
        Este dia é o próprio Cristo. Sobre ele, o Pai, que é o dia sem princípio, faz resplandecer o sol da sua divindade. Ele mesmo é o dia que assim fala pela boca de Salomão: Fiz brilhar no céu uma luz que não se apaga (Eclo 24,6 Vulg.).
        Assim como a noite não pode absolutamente suceder ao dia celeste, também as trevas dos pecados não podem suceder à justiça de Cristo. O dia celeste brilha eternamente, e nenhuma obscuridade pode ofuscar o fulgor da sua luz. Do mesmo modo, a luz de Cristo resplandece e irradia a sua claridade, e sombra alguma de pecado poderá ofuscá-la, como diz o evangelista João: E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la (Jo 1,5).
        Portanto, irmãos, todos nós devemos alegrar-nos neste santo dia. Ninguém se exclua desta alegria universal, apesar da consciência de seus pecados; ninguém se afaste das orações comuns, embora sinta o peso de suas culpas. Por mais pecador que seja, ninguém deve neste dia desesperar do perdão. Temos a nosso favor um valioso testemunho: se o ladrão arrependido alcançou o paraíso, por que não alcançaria o cristão a graça de ser perdoado?"

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Da Carta aos Coríntios, de São Clemente I, papa (Cap.36,1-2;37-38: Funk 1,107-109) (Séc.I)



 

Muitas veredas, um só caminho

        "Este é o caminho, caríssimos, onde encontramos nossa salvação: Jesus Cristo, o pontífice de nossas oferendas, nosso defensor e arrimo nas fraquezas.
        Por ele nossos olhos se voltam para as alturas dos céus; por ele contemplamos, como num espelho, o rosto puríssimo e sublime de Deus; por ele abrem-se os olhos de nosso coração; por ele a nossa inteligência, insensata e obscurecida, desabrocha para a luz; por ele quis o Senhor fazer-nos saborear a ciência imortal, pois sendo ele o esplendor da glória de Deus, foi colocado tão acima dos anjos quanto o nome que herdou supera o nome deles (cf. Hb 1,3.4).
        Combatamos, portanto, irmãos, com todas as forças, sob as suas ordens irrepreensíveis.
        Consideremos os soldados, que combatem sob as ordens dos nossos comandantes. Quanta disciplina, quanta obediência, quanta submissão em executar o que se ordena! Nem todos são chefes supremos, ou comandantes de mil, cem ou cinquenta soldados, e assim por diante; mas cada um, em sua ordem e posto, cumpre as ordens do imperador e dos comandantes. Os grandes não podem passar sem os pequenos, nem os pequenos sem os grandes. A eficiência depende da colaboração recíproca.  
        Sirva de exemplo o nosso corpo. A cabeça nada vale sem os pés, nem os pés sem a cabeça. Os membros do corpo, por menores que sejam, são necessários e úteis ao corpo inteiro; mais ainda, todos se harmonizam e se subordinam para salvar todo o corpo.  
        Asseguremos, portanto, a salvação de todo o corpo que formamos em Cristo Jesus, e cada um se submeta ao seu próximo conforme o dom da graça que lhe foi concedido.  
        O forte proteja o fraco e o fraco respeite o forte; o rico seja generoso para com o pobre e o pobre agradeça a Deus por ter dado alguém que o ajude na pobreza. O sábio manifeste sua sabedoria não por palavras, mas por boas obras; o humilde não dê testemunho de si mesmo, mas deixe que outro o faça. Quem é casto de corpo não se vanglorie, sabendo que é Deus quem lhe dá o dom da continência.  
        Consideremos, então, irmãos, de que matéria somos feitos, quem éramos e em que condições entramos no mundo, de que túmulo e trevas nos fez sair aquele que nos plasmou e criou, para nos introduzir no mundo que lhe pertence, onde nos tinha preparado tantos benefícios antes mesmo de termos nascido.  
        Sabendo, pois, que recebemos todas estas coisas de Deus, por tudo lhe demos graças. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém."

terça-feira, 23 de abril de 2013

Oração da espada de São Jorge




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Oh! Glorioso Guerreiro São Jorge, eu te suplico confiante que serei atendido, neste momento difícil da minha vida, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, com Vossa Espada de Luta, venha cortar todo mal e principalmente ( fazer o pedido).
Com a força do teu poder de defesa, eu me coloco na proteção do teu escudo, para combater o bom combate contra todo mal ou influência negativa que estiver em meu caminho. Amém.

São Jorge Cavaleiro, guiai-me. São Jorge Guerreiro, defendei-me. São Jorge Mártir, protegei-me.

Rezar 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria, 1 Glória ao Pai.  
São Jorge rogai por nós!

Oração do manto de São Jorge



São Jorge, guerreiro vencedor do dragão, rogai por nós.

São Jorge, militar valoroso, que com a vossa lança abatestes e vencestes o dragão feroz, vinde em meu auxílio, nas tentações do demônio, nos perigos, nas dificuldades, nas aflições. Cobri-me com o vosso manto, ocultando-me dos meus inimigos, dos meus perseguidores. Protegido por vosso Manto, andarei por todos os caminhos, viajarei por todos os mares, de noite e de dia, e os meus inimigos não me verão, não me ouviram, não me acompanharão. 
Sob a vossa proteção, não cairei, não derramarei o meu sangue, não me perderei. Assim como o Salvador esteve nove meses no seio de Nossa Senhora, assim eu estarei bem guardado e protegido, sob o vosso manto, tendo sempre São Jorge a minha frente armado de sua lança e do seu escudo. Amém.

Rezar 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria, 1 Glória ao Pai.  
São Jorge rogai por nós!

Ladainha de São Jorge



Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós. 


Cristo ouvi-nos.
T -Cristo atendei-nos. 
Deus pai do céu.
T - Tende piedade de nós. 
Deus Filho redentor do mundo.
T - Tende piedade de nós. 
Deus Espírito Santo.
T - Tende piedade de nós. 
Santíssima Trindade, que sois um só Deus.
T - Tende piedade, piedade de nós. 


Santa Maria, Rainha dos Mártires.
T - Rogai por nós. 
Santa Mãe de Deus.
Santa Virgem dos céus recebeu o Senhor Jesus Cristo.
São Jorge, que do Senhor recebestes a coroa da justiça.
São Jorge, patrono da juventude.
São Jorge, guarda dos Soldados.
São Jorge, esperança dos encarcerados.
São Jorge, fiel Mártir da fé.
São Jorge, fiel seguidor do Cristo.
São Jorge, fiel a Cristo até a morte.
São Jorge, invencível defensor da fé.
São Jorge, que renunciando ao mundo, ganhastes a Cristo.
São Jorge, que pela espada entregastes a Cristo o vosso sangue.
São Jorge, libertador dos cativos.
São Jorge, em Cristo, alívio dos doentes.
São Jorge, em Cristo, auxílio dos enfermos.
São Jorge, em Cristo, consolo dos aflitos.
São Jorge, apoio fidelíssimo de todos os congregados.
São Jorge, dos congregados exemplar mestre da fé.
São Jorge, em Cristo, destruidor de todas as vibrações malignas.
São Jorge, em Cristo, vitorioso de todos os malefícios.
São Jorge, em Cristo, neutralizador de toda a magia.
São Jorge, vencedor em Cristo, de toda a contenda do demônio.
São Jorge, que elevai ao Senhor as nossas preces.
São Jorge, que pisai e esmagai a Maldade dos nossos inimigos.
São Jorge, seja em Cristo nosso escudo e protetor.
São Jorge, sede nossa vitória sobre os nossos oponentes.
São Jorge, radiante luzeiro dos Espíritos Bem-Aventurados.
São Jorge, auxílio nos negócios de rapidez e brevidade.
São Jorge, sede nosso auxílio urgente.
São Jorge, fonte de fé e de esperança.
São Jorge, príncipe dos Mártires militares.
São Jorge, mediador dos processos urgentes.
São Jorge, que degolado deixastes este mundo.
São Jorge, nosso glorioso padroeiro.


Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo.
T - Perdoai-nos Senhor. 
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo.
T - Ouvi-nos Senhor. 
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo.
T - Tende piedade de nós. 
Cristo, ouvi-nos. Cristo, atendei-nos
T - Cristo, ouvi-nos. Cristo, atendei-nos. 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Milagre Eucarístico de Meerssen






          Na cidadezinha de Meerssen, em 1222 e em 1465, efetuaram-se dois importantes Milagres Eucarísticos. No primeiro Prodígio, durante a Santa Missa, da magna Hóstia Consagrada jorrou Sangue vivo que manchou o corporal.
           No segundo Milagre, em 1465, um camponês conseguiu salvar a Relíquia do Milagre, de um incêndio que destrói toda a Igreja. Em seguida a Igreja é reconstruída, e em 1938, o Papa Pio XI elevou-a à categoria de Basílica Menor.
         São numerosos os peregrinos que todos os anos se deslocam em peregrinação a Meerssen, para venerar a Relíquia do Milagre.
          A antiga capela de Meerssen, graças também as ajudas de Gerberga de Sassonia, mulher do rei de França Luís IV de Outremer, a meio do século X foi ampliada e tornou-se uma importante Igreja. Em 1222, verificou-se um importante Milagre Eucarístico nesta Igreja, que foi reconhecido pelas autoridades eclesiásticas.
       Durante a celebração da Missa dominical, o sacerdote consagrou as espécies eucarísticas, e da magna Hóstia começou a correr Sangue vivo que manchou o corporal da Missa.
             Em 1465 rebentou um grande incêndio que destrói a Igreja, mas um camponês
consegue salvar a Relíquia da Hóstia ensanguentada que fica perfeitamente intacta. Este episódio é recordado pelos habitantes com o nome de «Milagre do fogo». Não obstante o incêndio, a Igreja foi logo reconstruída, e em 1938, Pio XI elevou-a à categoria de Basílica Menor. 
              Ainda hoje é um dos maiores centros de peregrinação na Holanda, e a preciosa Relíquia do Prodígio é levada em procissão todos os anos na oitava do Corpo de Deus.

domingo, 21 de abril de 2013

Jesus, o Bom Pastor



  
Senhor,
tantos que se apresentam como salvadores, e tantos que os seguem!
No entanto, só Tu és o Bom Pastor,
Aquele que dá a vida pelas suas ovelhas,
Aquele que dá vida às suas ovelhas,
e «vida em abundância.»
Amém.
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Senhor,
Tu és o Bom Pastor,
mas eu nem sempre sou a ovelha mansa e obediente à tua voz.
Quero seguir-Te, Bom Pastor,
e em tudo fazer a tua vontade.
Amém.
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Senhor,
agarrados à carne, deixamo-nos conduzir por ela.
O espírito liberta-nos, mas exige de nós.
Dá-nos forças, Senhor, e discernimento,
para vivendo na carne,
nos deixarmos libertar pelo Espírito Santo.
Amém.
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Senhor,
Tu vives naqueles que em Ti acreditam.
Mas quando Te comungamos,
a Tua presença em nós torna-se mais real,
mais viva.
Obrigado, Senhor!
Amém.
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sábado, 20 de abril de 2013

Do Comentário sobre o Evangelho de São João, de São Cirilo de Alexandria, bispo (Lib. 4,2: PG 73,563-566) (Séc.V)



Cristo entregou seu corpo para a vida de todos

          "Eu morro por todos, diz o Senhor, a fim de que por mim todos tenham vida. Eu morro para resgatar todos pela minha carne! A morte morrerá em minha morte e, juntamente comigo, a natureza humana que caíra, ressuscitará.
          Para tanto tornei-me semelhante a vós, um homem autêntico da descendência de Abraão, a fim de ser semelhante a meus irmãos. São Paulo compreendeu isto perfeitamente, ao dizer: Visto que os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma condição, para assim destruir, com a sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o demônio (Hb 2,14).
          Ora, aquele que tinha o poder da morte, e por conseguinte, a própria morte, não poderia ser destruído de nenhuma outra maneira, se Cristo não tivesse se oferecido em sacrifício por nós. Um só foi imolado pela redenção de todos, porque a morte dominava sobre todos.
        Por isso diz-se nos salmos que Cristo se ofereceu a Deus Pai como sacrifício imaculado: Sacrifício e oblação não quisestes, mas formastes-me um corpo; não pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados. E então eu vos disse: “Eis que venho” (Sl 39,7-9).
          O Senhor foi crucificado por todos e por causa de todos a fim de que, tendo um morrido por todos, vivamos todos nele. Não seria possível que a vida permanecesse sujeita à morte ou sucumbisse à corrupção natural. Sabemos pelas próprias palavras de Cristo que ele ofereceu sua carne pela vida do mundo: Eu me consagro por eles (Jo 17,19).
           Com isso ele quer dizer que se consagra e se oferece como sacrifício puro de suave
perfume. Com efeito, tudo o que era oferecido sobre o altar, era santificado ou chamado santo, conforme a Lei. Cristo, portanto, entregou seu corpo em sacrifício pela vida de todos e assim a vida nos foi dada de novo por meio dele. Como isso se realizou, procurarei dizer na medida do possível.
          Depois que o Verbo de Deus, que tudo vivifica, assumiu a carne, restituiu à carne o seu próprio bem, isto é, a vida. Estabeleceu com ela uma comunhão inefável, e tornou-a fonte de vida, como ele mesmo o é por natureza.
          Por conseguinte, o corpo de Cristo dá a vida a todos os que dele participam; repele a morte dos que a ele estão sujeitos e os libertará da corrupção, porque possui em si mesmo a força que a elimina plenamente."

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Dos Sermões de Santo Efrém, diácono (Séc. IV) (Sermo de Domino nostro, 3-4.9: Opera edit. Lamy, 1,152-158.166-168)



A cruz de Cristo, salvação para o gênero humano

         "Nosso Senhor foi calcado pela morte mas, por sua vez, esmagou-a como quem soca com os pés o pó da estrada. Sujeitou-se à morte e aceitou-a voluntariamente, para destruir aquela morte que não queria morrer. Nosso Senhor saiu para o Calvário carregando a cruz, para satisfazer as exigências da morte; mas, ao soltar um brado do alto da cruz, fez sair os mortos dos sepulcros, vencendo a oposição da morte. A morte o matou no corpo que assumira; mas ele, com as mesmas armas, saiu vitorioso da morte. A divindade ocultou-se sob a humanidade e assim aproximou-se da morte, que matou, mas também foi morta. A morte matou a vida natural e, por sua vez, foi morta pela vida sobrenatural.
         A morte não poderia devorá-lo se ele não tivesse um corpo nem o inferno tragá-lo se não tivesse carne. Foi por isso que desceu ao seio de uma Virgem para tomar um corpo que o conduzisse à mansão dos mortos. Com o corpo que assumira, lá entrou para destruir suas riquezas e arruinar seus tesouros.
         A morte foi ao encontro de Eva, a mãe de todos os viventes. Ela é como uma vinha cuja cerca foi aberta pela morte, por meio das próprias mãos de Eva, para que pudesse provar de seus frutos. Então Eva, mãe de todos os viventes, tornou-se fonte da morte para todos os viventes.
        Floresceu, porém, Maria, a nova videira, em lugar de Eva, a antiga videira; nela habitou Cristo, a nova vida, a fim de que, ao aproximar-se a morte com sua habitual segurança para alimentar a fome devoradora, encontrasse ali escondida, no seu fruto mortal, a Vida destruidora da morte. Quando, pois, a morte engoliu sem temor o fruto mortal, ele libertou a vida e com ela, multidões.
         O admirável filho do carpinteiro, que levou sua cruz até os abismos da morte que tudo devoravam, também levou o gênero humano para a morada da vida. E uma vez que o gênero humano, por causa de uma árvore, tinha se precipitado no reino das sombras, sobre outra árvore passou para o reino da vida. Na mesma árvore em que fora enxertado um fruto amargo, foi enxertado depois um fruto doce, para que reconheçamos o Senhor a quem criatura alguma pode resistir.
          Glória a vós, que lançastes a cruz como uma ponte sobre a morte, para que através dela as almas possam passar da região da morte para a vida! Glória a vós, que assumistes um corpo de homem mortal, para transformá-lo em fonte de vida para todos os mortais!
       Vós viveis para sempre! Aqueles que vos mataram, trataram vossa vida como os agricultores: enterraram-na como o grão de trigo; mas ela ressuscitou e, junto com ela, fez ressurgir uma multidão de seres humanos.
        Vinde, ofereçamos o grande e universal sacrifício do nosso amor. Entoemos com grande alegria cânticos e orações àquele que se ofereceu a Deus no sacrifício da cruz, para nos enriquecer por meio dela com a abundância de seus dons."

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Ladainha de Santo Expedito, mártir


Senhor, tende piedade de mim.
Jesus Cristo, tende piedade de mim.
Senhor, tende piedade de mim.
Jesus Cristo, ouvi-me.
Jesus Cristo, escutai-me.
Pai Celeste, que sois Deus, tende piedade de mim.
Deus Espírito Santo, tende piedade de mim.

Santa Maria, Rainha dos Mártires, rogai por mim.

Santo Expedito, invencível atleta da fé, rogai por mim.
Santo Expedito, fiel até a morte, rogai por mim.
Santo Expedito, que tudo perdeste para ganhar a Jesus, rogai por mim.
Santo Expedito, que foste vergastado, rogai por mim.
Santo Expedito, que perecestes gloriosamente pela espada, rogai por mim.
Santo Expedito, que recebeste do Senhor esta coroa de justiça, rogai por mim.
Santo Expedito, patrono da juventude, rogai por mim.
Santo Expedito, socorro dos escolares, rogai por mim.
Santo Expedito, modelo dos soldados, rogai por mim.
Santo Expedito, patrono dos viajantes, rogai por mim.
Santo Expedito, salvação dos doentes, rogai por mim.
Santo Expedito, consolador dos aflitos, rogai por mim.
Santo Expedito, apoio fidelíssimo dos que esperam em vós, rogai por mim.
Santo Expedito, eu vo-lo suplico, não deixeis para amanhã o que podeis fazer hoje; vinde em meu auxílio.

Cordeiro de Deus, que apagais os pecados do mundo, perdoai-me Senhor!
Cordeiro de Deus, que apagais os pecados do mundo, ouvi-me Senhor.
Cordeiro de Deus, que apagais os pecados do mundo, tende piedade de mim Senhor.
Jesus, ouvi-me.
Jesus, ouvi minha oração.
Que a minha voz suba para vós
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Resumo do Ato de Contrição do Venerável Marco de Aviano, sacerdote capuchinho morto com odor de santidade

Marco d'Aviano Blessed "Cappuccino"


"Eu, ruim e indigna criatura, me lanço a vossos pés, Deus meu, e, com o coração contrito e aflito, reconheço e confesso diante de Vós, Redentor de minha alma, que, desde o instante em que nasci até agora, tenho cometido inumeráveis negligências e pecados.
Tenho-Vos ofendido, Deus meu! Pequei, Senhor! Porém, detesto os meus pecados e me arrependo do íntimo do coração. Por isso, prometo solenemente não mais pecar. Porém, se Vós, em vossa altíssima sabedoria, preveis que posso novamente ofender-Vos e cair outra vez no vosso desagrado, de todo o coração Vos peço que me leveis agora desta vida, em vossa graça.
Oxalá a minha dor fosse tão grande que o propósito de não mais Vos ofender permanecesse sempre imutável! Porque Vos devo infinito agradecimento pela vossa divina bondade e porque mereceis que Vos ame sobre todas as coisas, arrependo-me de meus pecados, não tanto para livrar-­me dos tormentos eternos que por eles mereci, nem para gozar das delicias do Céu, que tão inconsideradamente desprezei, como porque vos desagradam a Vós, Deus meu, que, por vossa bondade e infinitas perfeições, sois digno de infinito amor.
Oxalá todas as criaturas vos mostrem sem interrupção, amor, reverência e agradecimento. Amém."

A misericórdia revelada na Cruz e na Ressurreição, em Dives in Misericordia, do Papa Beato João Paulo II




           7. A mensagem messiânica de Cristo e a sua atividade entre os homens terminam com a Cruz e a Ressurreição. Se quisermos exprimir totalmente a verdade acerca da misericórdia, com a plenitude com que foi revelada na história da nossa salvação, devemos penetrar de maneira profunda nesse acontecimento final que, particularmente na linguagem conciliar, é definido como mysterium paschale (mistério pascal). Chegados a este ponto das nossas considerações, impõe-se aproximarmo -nos ainda mais do conteúdo da Encíclica Redemptor Hominis. Se a realidade da Redenção, na sua dimensão humana, revela a grandeza inaudita do homem que talem ac tantum meruit habere Redemptorem (mereceu tal e tão grande Redemptor), a dimensão divina da Redenção permite-nos descobrir de modo, iria a dizer, mais empírico e «histórico», a profundidade do amor que não retrocede diante do extraordinário sacrifício do Filho, para satisfazer à fidelidade de Criador e Pai para com os homens, criados à sua imagem e escolhidos neste mesmo Filho desde o «princípio», para a graça e a glória.
           Os acontecimentos de Sexta-Feira Santa e, ainda antes, a oração no Getsêmani introduzem mudança fundamental em todo o processo de revelação do amor e da misericórdia, na missão messiânica de Cristo. Aquele que «passou fazendo o bem e curando a todos» e «sarando toda a espécie de doenças e enfermidades», mostra-se agora Ele próprio, digno da maior misericórdia e parece apelar para a misericórdia, quando é preso, ultrajado, condenado, flagelado, coroado de espinhos, pregado na cruz e expira no meio de tormentos atrozes. É então que Ele se apresenta particularmente merecedor da misericórdia dos homens a quem fez o bem; mas não a recebe. Até aqueles que mais de perto contactam com ele não têm a coragem de o proteger e arrancar da mão dos seus opressores. Na fase final do desempenho da função messiânica cumprem-se em Cristo as palavras dos Profetas e sobretudo as de Isaías, proferidas a respeito do Servo de Javé: «Fomos curados pelas suas chagas».
            Cristo, enquanto homem, que sofre realmente e de um modo terrível no Jardim das Oliveiras e no Calvário, dirige-se ao Pai, àquele Pai cujo amor Ele pregou aos homens e de cuja misericórdia deu testemunho com todo o seu agir. Mas não lhe é poupado, nem sequer a Ele, o tremendo sofrimento da morte na cruz: «Aquele que não conhecera o pecado, Deus tratou-o por nós como pecado», escrevia São Paulo, resumindo em poucas palavras toda a profundidade do mistério da Cruz e a dimensão divina da realidade da Redenção.
             É precisamente a Redenção a última e definitiva revelação da santidade de Deus, que é a plenitude absoluta da perfeição: plenitude da justiça e do amor, pois a justiça funda-se no amor, dele provém e para ele tende. Na paixão e morte de Cristo — no facto de o Pai não ter poupado o seu próprio Filho, mas «o ter tratado como pecado por nós» — manifesta-se a justiça absoluta, porque Cristo sofre a paixão e a cruz por causa dos pecados da humanidade. Dá-se na verdade a «superabundância» da justiça, porque os pecados do homem são «compensados» pelo sacrifício do Homem-Deus. Esta justiça, que é verdadeiramente justiça «à medida» de Deus, nasce toda do amor, do amor do Pai e do Filho, e frutifica inteiramente no amor. Precisamente por isso, a justiça divina revelada na cruz de Cristo é «à medida» de Deus, porque nasce do amor e se realiza no amor, produzindo frutos de salvação. A dimensão divina da Redenção não se verifica somente em ter feito justiça do pecado, mas também no facto de ter restituído ao amor a força criativa, graças à qual o homem tem novamente acesso à plenitude de vida e de santidade, que provém de Deus. Deste modo, Redenção traz em si a revelação da misericórdia na sua plenitude.
            O mistério pascal é o ponto culminante da revelação e atuação da misericórdia, capaz de justificar o homem, e de restabelecer a justiça como realização do desígnio salvífico que Deus, desde o princípio, tinha querido realizar no homem e, por meio do homem, no mundo, Cristo, ao sofrer, interpela todo e cada homem e não apenas o homem crente. Até o homem que não crê poderá descobrir nele a eloquência da solidariedade com o destino humano, bem como a harmoniosa plenitude da dedicação desinteressada à causa do homem, à verdade e ao amor.
            A dimensão divina do mistério pascal situa-se, todavia, numa profundidade ainda maior. A cruz erguida sobre o Calvário, na qual Cristo mantém o seu último diálogo com o Pai, brota do âmago mais íntimo do amor, com que o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, foi gratuitamente beneficiado, de acordo com o eterno desígnio divino. Deus, tal como Cristo O revelou, não permanece apenas em estreita relação com o mundo, como Criador e fonte última da existência; é também Pai: está unido ao homem por Ele chamado à existência no mundo visível, mediante um vínculo mais profundo ainda do que o da criação. É o amor que não só cria o bem, mas que faz com que nos tornemos participantes da própria vida de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Quem ama deseja dar-se a si próprio.
       A cruz de Cristo sobre o Calvário surge no caminho daquele «admirabile commercium», daquela comunicação admirável de Deus ao homem, que encerra o chamamento dirigido ao homem para que, dando-se a si mesmo a Deus e oferecendo consigo todo o mundo visível, participe da vida divina, e, como filho adotivo, se torne participante da verdade e do amor que estão em Deus e vêm de Deus. No caminho da eterna eleição do homem para a dignidade de filho adotivo de Deus, ergue-se na história a cruz de Cristo, Filho unigênito, que, como «Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro» veio para dar o último testemunho da admirável aliança de Deus com a humanidade, de Deus com o homem: com todos e com cada um dos homens. Esta aliança tão antiga como o homem — pois remonta ao próprio mistério da criação, e foi renovada depois muitas vezes com o único Povo eleito — é igualmente nova e definitiva aliança; ficou estabelecida ali, no Calvário, e não é limitada a um único povo, o de Israel, mas aberta a todos e a cada um.
             Que nos ensina a cruz de Cristo que é, em certo sentido, a última palavra da sua mensagem e da sua missão messiânica? Em certo sentido — note-se bem — porque não é ela ainda a última palavra da Aliança de Deus. A última palavra seria pronunciada na madrugada, quando, primeiro as mulheres e depois os Apóstolos, ao chegarem ao sepulcro de Cristo crucificado o vão encontrar vazio, e ouvem pela primeira vez este anúncio: «Ressuscitou». Depois, repetirão aos outros tal anúncio e serão testemunhas de Cristo Ressuscitado.
             Mas mesmo na glorificação do Filho de Deus, continua a estar presente a Cruz que, através de todo o testemunho messiânico do Homem-Filho que nela morreu, fala e não cessa de falar de Deus-Pai, que é absolutamente fiel ao seu eterno amor para com o homem, pois que «amou tanto o mundo — e portanto, o homem no mundo — que lhe deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que n'Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna». Crer no Filho crucificado significa «ver o Pai» significa crer que o amor está presente no mundo e que o amor é mais forte do que toda a espécie de mal em que o homem, a humanidade e o mundo estão envolvidos. Crer neste amor significa acreditar na misericórdia. Esta é, de facto, a dimensão indispensável do amor, é como que o seu segundo nome e, ao mesmo tempo, é o modo específico da sua revelação e atuação perante a realidade do mal que existe no mundo, que assedia e atinge o homem, que se insinua mesmo no seu coração e o «pode fazer perecer, na Geena».


Beato João Paulo II, rogai por nós!

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo (Lib. 5,2,2-3:SCh153,30-38) (Séc.I)




A Eucaristia, penhor da ressurreição

          "Se não há salvação para a carne,também o Senhor não nos redimiu com o seu sangue. Sendo assim, nem o cálice da eucaristia é a comunhão do seu sangue nem o pão que partimos é a comunhão do seu corpo. O sangue, efetivamente, procede das veias, da carne, e do que pertence à substância humana. Essa substância, o Verbo de Deus assumiu-a em toda a sua realidade e por ela nos resgatou com o seu sangue, como afirma o Apóstolo: Pelo seu sangue, nós fomos libertados. Nele, as nossas faltas são perdoadas (Ef 1,7).
            Nós somos seus membros e nos alimentamos das coisas criadas que ele próprio nos dá, fazendo nascer o sol e cair a chuva segundo sua vontade. Por isso, o Senhor declara que o cálice, fruto da criação, é o seu sangue, que fortalece o nosso sangue; e o pão, fruto também da criação, é o seu corpo, que fortalece o nosso corpo.
            Portanto, quando o cálice de vinho misturado com água e o pão natural recebem a palavra de Deus, transformam-se na eucaristia do sangue e do corpo de Cristo. São eles que alimentam e revigoram a substância de nossa carne. Como é possível negar que a carne é capaz de receber o dom de Deus, que é a vida eterna, essa carne que se alimenta com o sangue e o corpo de Cristo e se torna membro do seu corpo?
           O santo Apóstolo diz na Carta aos Efésios: Nós somos membros do seu corpo (Ef 5,30), da sua carne e de seus ossos (cf. Gn 2,23); não é de um homem espiritual e invisível que ele fala – o espírito não tem carne nem ossos (cf. Lc 24,39) – mas sim do organismo verdadeiramente humano, que consta de carne, nervos e ossos, que se nutre com o cálice do seu sangue e se robustece com o pão que é seu corpo.
         O ramo da videira plantado na terra, frutifica no devido tempo, e o grão de trigo, caído na terra e dissolvido, multiplica-se pelo Espírito de Deus que sustenta todas as coisas. Em seguida, pela arte da fabricação, são transformados para uso do homem. Recebendo a palavra de Deus, tornam-se a eucaristia, isto é,o corpo e o sangue de Cristo. Assim também os nossos corpos, alimentados pela eucaristia, depositados na terra e nela desintegrados, ressuscitarão a seu tempo, quando o Verbo de Deus lhes conceder a ressurreição para a glória do Pai. É ele que reveste com sua imortalidade o corpo mortal e dá gratuitamente a incorruptibilidade à carne corruptível. Porque é na fraqueza que se manifesta o poder de Deus".

terça-feira, 16 de abril de 2013

Pensamentos de Thomas Merton



"A distância mais longa é aquela entre a cabeça e o coração".

"Amar é deixar aqueles que amamos serem eles mesmos e não tentar moldá-los segundo nossa própria imagem. Caso contrário, amaríamos apenas o reflexo de nós mesmos".

"Abandone de vez suas pontuações e renda-se com toda sua pecaminosidade ao Deus que não leva em conta nem os pontos, nem aquele que os marca, mas vê em você somente um filho, remido por Cristo".

"O que temos a ganhar viajando para a lua se não conseguimos atravessar o abismo que nos separa dos outros? Essa é a mais importante viagem de descoberta; sem ela, todas as outras são não apenas inúteis, mas desastrosas".

"Homem algum é uma ilha".

"A Graça não nos segura como se fôssemos aviões ou foguetes guiados por controle remoto".

“Não há nenhum exagero em dizer que a sociedade democrática está fundada sobre uma espécie de fé: a convicção de que cada cidadão é capaz de assumir e assume inteira responsabilidade política.”

"É a fé, e não a imaginação, que nos dá a vida sobrenatural; a fé é que nos justifica; a fé é que nos conduz à contemplação.”

“As ações são as portas e as janelas do ser. E a experiência de nossa existência não é possível sem alguma experiência do saber ou alguma experiência da experiência.”

“No instante em que o primeiro ser humano entrou na existência, movido pelo sopro de Deus, as profundezas do centro de sua alma perfeita incendiaram-se com a chama silenciosa e magnífica da sabedoria.”

“Jamais poderei encontrar-me se me isolar dos demais homens como se eu fora uma espécie diferente de ser.”

"Resigne-se de sua insuficiência e reconheça sua insignificância para o Senhor. Quer você entenda isso, ou não, Deus o ama, está presente em você, vive em você, habita em você, chama você, salva você e lhe oferece entendimento e compaixão que não se compara a nada que você algum dia tenha encontrado num livro ou ouvido num sermão".


“A Graça nos é dada com o fim específico de capacitar-nos a descobrir e realizar nosso si-mesmo mais profundo e mais verdadeiro. Enquanto não descobrirmos este si-mesmo profundo, que está escondido com Cristo em Deus, nunca nos conheceremos realmente como pessoas.”


Pensamentos do Santo Padre, o Papa Francisco




“Como vai, a nossa fé? É forte? Quando as dificuldades chegam, somos corajosos ou um pouco melindrosos? O Apóstolo Pedro não calou a fé, porque a fé não se negocia... Quando começamos a negociar a fé, a vendê-la a quem dá mais, empreendemos o caminho da Apostasia, da não fidelidade ao Senhor”.

“A nossa Igreja é uma Igreja dos Mártires”.

“Senhor, proteja a minha fé, faça-a crescer, que minha fé se torne forte, corajosa, e ajuda-me nos momentos em que devo troná-la pública. Dê-me coragem”.

“Como é belo o olhar de Jesus posto sobre nós! Quanta ternura! Não percamos jamais a confiança na paciente misericórdia de Deus”.

“Deus nos trata como filhos, nos compreende, nos perdoa, nos abraça, nos ama mesmo quando erramos. Jamais devemos nos esquecer que Deus é fiel, sempre!
Ser cristão não se reduz a seguir mandamentos, mas quer dizer estar em Cristo, pensar como Ele, agir como Ele, amar como Ele. Cristo ressuscitado é a nossa esperança. Deus é a nossa força”.

“Bisbilhotar, fofocar sobre o próximo, criticar são tentações do maligno, que não quer que o Espírito traga paz e harmonia às comunidades cristãs”.

“Não julgar nem falar mal. Deixar o Espírito vir a nós”.



Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo (Sermo 34,1-3.5-6:CCL41,424-426) (Séc.V)


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Cantemos ao Senhor o canto do amor

           "Cantai ao Senhor Deus um canto novo, e o seu louvor na assembléia dos fiéis (Sl 149,1).
           Somos convidados a cantar um canto novo ao Senhor. O homem novo conhece o canto novo. O canto é uma manifestação de alegria e, se examinarmos bem, é uma expressão de amor. Quem, portanto, aprendeu a amar a vida nova, aprendeu também a cantar o canto novo. É, pois, pelo canto novo que devemos reconhecer o que é a vida nova. Tudo isso pertence ao mesmo Reino: o homem novo, o canto novo, a aliança nova.
           Não há ninguém que não ame. A questão é saber o que se deve amar. Não somos, por conseguinte, convidados a não amar, mas sim a escolher o que havemos de amar. Mas o que podemos escolher, se antes não formos escolhidos? Porque não conseguiremos amar, se antes não formos amados. Escutai o apóstolo João: Nós amamos porque ele nos amou primeiro (cf. 1Jo 4,10). Procura saber como o homem pode amar a Deus; não encontrarás resposta, a não ser esta: Deus o amou primeiro. Deu-se a si mesmo aquele que amamos, deu-nos a capacidade de amar. Como ele nos deu esta capacidade, ouvi o apóstolo Paulo que diz claramente: O amor de Deus foi derramado em nossos corações. Por quem? Por nós, talvez? Não. Então por quem? Pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm5,5).
           Tendo, portanto, uma tão grande certeza, amemos a Deus com o amor que vem de Deus. Escutai ainda mais claramente o mesmo São João: Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele (1Jo 4,16). É bem pouco afirmar: O amor vem de Deus (1Jo,4,7). Quem de nós se atreveria a dizer: Deus é amor? Disse-o quem sabia o que possuía.
          Deus se oferece a nós pelo caminho mais curto. Clama para cada um de nós: Amai-me e me possuireis; porque não podeis amar-me se não me possuirdes.
         Ó irmãos, ó filhos, ó novos rebentos da Igreja católica, ó geração santa e celestial, que renascestes em Cristo para uma vida nova! Ouvi-me, ou melhor, ouvi através do meu convite: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Já estou cantando, respondes. Tu cantas, cantas bem, estou escutando. Mas oxalá a tua vida não dê testemunho contra tuas palavras.
          Cantai com a voz, cantai com o coração, cantai com os lábios, cantai com a vida: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Queres saber o que cantar a respeito daquele a quem amas? Sem dúvida, é acerca daquele a quem amas que desejas cantar. Queres saber então que louvores irás cantar? Já o ouviste: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Que louvores? Seu louvor na assembléia dos fiéis. O louvor de quem canta é o próprio cantor.
          Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o canto que ides cantar. Vós sereis o seu maior louvor, se viverdes santamente".

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Do Comentário à Primeira Carta de São Pedro, de São Beda Venerável, presbítero (Cap.2:PL 93,50-51) (Séc.VIII)



Raça escolhida, sacerdócio do Reino

        "Vós sois a raça escolhida, o sacerdócio do Reino (1Pd 2,9). Este elogio foi feito outrora por Moisés ao antigo povo de Deus. Agora com maior razão, o apóstolo Pedro o aplica aos pagãos pois acreditaram em Cristo, que como pedra angular, reuniu todos os povos na mesma salvação que fora dada a Israel.
        Chama-os de raça escolhida, por causa da fé que os distingue daqueles que, rejeitando a pedra viva, acabaram sendo eles mesmos rejeitados.
             Chama-os também sacerdócio do Reino, porque estão unidos ao corpo daquele que é o supremo rei e verdadeiro sacerdote. Como rei torna-os participantes do seu reino e, como sacerdote, purifica-os dos pecados pelo sacrifício do seu sangue. Chama-os sacerdócio do Reino para que se lembrem de esperar o reino eterno e ofereçam continuamente a Deus o sacrifício de uma conduta irrepreensível.
             São ainda chamados nação santa e povo que ele conquistou (1Pd 2,9), de acordo com o que diz o apóstolo Paulo, comentando uma passagem do Profeta: O seu justo viverá por causa de sua fidelidade, mas se esmorecer, não encontrarei mais satisfação nele. Nós não somos desertores, para a perdição. Somos homens de fé, para a salvação da alma (Hb 10,38-39). E nos Atos dos Apóstolos: O Espírito Santo vos colocou como guardas para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o sangue de seu próprio Filho (At 20,28).
            Portanto, o sangue de nosso Redentor fez de nós um povo que ele conquistou, como outrora o sangue do cordeiro libertou do Egito o povo de Israel.
         Eis por que, no versículo seguinte, recordando o significado místico da antiga história, Pedro ensina que ela deve ser realizada espiritualmente pelo novo povo de Deus, acrescentando: Para proclamar suas obras admiráveis (cf. 1Pd 2,9). De fato, os que foram libertados da escravidão do Egito por Moisés, entoaram ao Senhor um cântico de vitória, depois de terem atravessado o mar Vermelho e afogado o exército do Faraó. Do mesmo modo, também nós, depois de termos recebido no batismo o perdão dos pecados, devemos agradecer dignamente os benefícios celestes.
          Os egípcios que afligiam o povo de Deus, e por isso eram símbolo das trevas e tribulações, representam muito bem os pecados que nos oprimiam, mas que foram lavados pelas águas do batismo. A libertação dos filhos de Israel e a sua caminhada para a terra outrora prometida, têm íntima relação com o mistério da nossa redenção; por ela nos dirigimos para os esplendores da morada celeste, sob a luz e direção da graça de Cristo. Esta luz da graça foi também prefigurada por aquela nuvem e coluna de fogo que,durante toda a peregrinação pelo deserto defendeu os israelitas das trevas da noite e os conduziu através de veredas indescritíveis para a pátria prometida".