A predileção de Nossa Senhora pelos índios é notória. Basta pensar em Nossa Senhora de Guadalupe, no México, Nossa Senhora de Coromoto, na Venezuela, Nossa Senhora de Las Lajas, na Colômbia, e tantas outras. Por que esta predileção? Porque uma mãe sempre se desvela por aqueles de seus filhos que mais necessitam. Ora, dada a triste condição espiritual em que se encontravam nossos índios na época dos descobrimentos, imersos nas trevas do paganismo, explica-se a solicitude da Mãe de Deus em converter e auxiliar esses seus filhos do Novo Mundo.
Mas por que insistimos neste ponto? Porque, hoje em dia, certos indigenistas e esquerdistas, imbuídos do espírito da luta de classes, tentam manipular os índios jogando-os contra os “brancos”, e para tal procuram reviver costumes pagãos e religiões fetichistas. E isto não só no Brasil, mas também em outros países da América Latina. Daí a importância de mostrar como historicamente Nossa Senhora ajudou muitíssimo os indígenas, mas sempre no sentido de sua conversão e afervoramento na Fé e integração na Civilização Cristã.
Vejamos um belo exemplo disto na história de Nossa Senhora do Vale de Catamarca, na Argentina.
A imagem milagrosa prefere ficar entre os índios
Nossa Senhora do Vale de Catamarca |
Qual a origem dessa imagem? Isto é objeto de apaixonados debates até hoje. Alguns supõem que a tenha levado São Francisco Solano, o qual pregou missões naquelas paragens. Outros julgam que foram os padres jesuítas. Entre os índios da região era crença geral que o próprio Deus formou a imagem e a colocou na gruta de Ambato.
Os espanhóis tomaram conhecimento da existência da imagem em 1630, pois um dos índios comunicou o fato à autoridade daquela região, Dom Manuel de Salazar, administrador do Vale e defensor dos indígenas. Este cavaleiro, bom cristão e de origem nobre, atuou como deve fazer uma verdadeira autoridade nestes casos: de forma discreta mas eficaz. Foi verificar se era procedente a comunicação, pois temia que os índios estivessem adorando algum ídolo. Confirmando não haver nada de pagão naquela devoção, tentou convencer os índios a levarem a imagem para a cidade dos espanhóis. Estes, contudo, não o quiseram. Chegaram até a montar guarda diante da imagem, para evitar qualquer problema. Afinal, após verem que a imagem sorria e refletia uma luz no olhar, consentiram na trasladação. Esta foi levada para um altar na casa do próprio Salazar, onde começou a operar prodígios.
Mas Nossa Senhora, com saudades de seus índios, fugiu para a primitiva gruta. Os espanhóis primeiro pensaram que os índios a tinham levado, mas depois comprovaram que estes nada tinham a ver com o desaparecimento. Levaram-na de volta a imagem para a cidade, mas ela várias vezes retornou à gruta.
Isto perdurou até que foi edificada uma igreja para a milagrosa imagem, tendo-se destacado especialmente os índios nessa construção.
Apostasia dos índios afasta Nossa Senhora
Infelizmente, o coração humano é inconstante. Quem diria que a tribo dos calchaquíes, para a qual a imagem aparecera, tornar-se-ia uma das mais terríveis inimigas da civilização católica na região? Cumprir os Mandamentos divinos é difícil. Às vezes, pessoas recém-convertidas à verdadeira Fé progridem na vida espiritual, mas depois abandonam a prática da virtude e tornam-se piores do que eram antes da conversão –“Quanto maior a altura, maior o tombo”...
Com a perversão dos índios calchaquíes, a imagem de Nossa Senhora tornou a desaparecer da igreja, mas não para apoiá-los em sua revolta contra os católicos. Pelo contrário, mostrou-lhes seu desgosto com a apostasia. Os documentos da época atestam que os mais terríveis combates da rebelião indígena coincidem com novas desaparições da imagem, a qual retornava à igreja com o manto cheio de pó, salpicado de barro, com pequenas folhas grudadas e a face ruborizada.
Foi especialmente notória a aparição de Nossa Senhora aos indígenas durante o ataque à cidade de Valle Viejo e ao forte São Bernardo, em 1658. Quando, 10 anos após esse ataque, desejando os espanhóis lembrar a vitória, levaram alguns índios prisioneiros à igreja onde se encontrava a imagem, estes começaram a gritar e a pedir para sair da Igreja. Por que razão? Observando a face da imagem, reconheceram nela a "guerreira que vimos em muitas batalhas". E ficaram apavorados.
Que triste reviravolta! Tão amados da Virgem, a ponto de Ela deixar outros filhos para permanecer junto a seus filhos indígenas. E depois tão infiéis, a ponto de se aterrorizarem com Ela!
Tal fato deve servir de ponto de meditação para nós: se isso ocorreu naquela época com indígenas, o mesmo pode ocorrer com católicos que apostatam de sua fé, adotando uma falsa religião ou entregando-se ao neopaganismo. Meditemos nisto a tempo, para evitarmos que tantas imagens de Nossa Senhora que protegem o Brasil se afastem de nós. E também para não chegarmos à tristíssima situação de nos atemorizarmos em presença dEla.
Socorro materno para os filhos fiéis
Os indígenas reconheceram, olhando essa face, "a guerreira que vimos em muitas batalhas" |
Pensemos nesses fatos: alguns tinham tudo e tudo perderam pelo pecado; outro nada tinha e estava às portas da morte; foi salvo pela devoção a Nossa Senhora. Sejamos como este filho confiante e fiel.
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