quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A Virgem de Catamarca


A predileção de Nossa Senhora pelos índios é notória. Basta pensar em Nossa Senhora de Guadalupe, no México, Nossa Senhora de Coromoto, na Venezuela, Nossa Senhora de Las Lajas, na Colômbia, e tantas outras. Por que esta predileção? Porque uma mãe sempre se desvela por aqueles de seus filhos que mais necessitam. Ora, dada a triste condição espiritual  em que se encontravam  nossos índios na época dos descobrimentos, imersos nas trevas do paganismo, explica-se a solicitude da Mãe de Deus em converter e auxiliar esses seus filhos do Novo Mundo.
Mas por que insistimos neste ponto? Porque, hoje em dia, certos indigenistas e esquerdistas, imbuídos do espírito da luta de classes, tentam manipular os índios jogando-os contra os “brancos”, e para tal procuram reviver costumes pagãos e religiões fetichistas. E isto não só no Brasil, mas também em outros países da América Latina. Daí a importância de mostrar como historicamente Nossa Senhora ajudou muitíssimo os indígenas, mas sempre no sentido de sua conversão e afervoramento na Fé e integração na Civilização Cristã.
Vejamos um belo exemplo disto na história de Nossa Senhora do Vale de Catamarca, na Argentina.
A imagem milagrosa prefere ficar entre os índios
Nossa Senhora do Vale de Catamarca
Por volta de 1542, começaram os espanhóis a civilizar a zona norte da Argentina, onde se encontra o Vale de Catamarca. Diversas expedições foram percorrendo o país e fundando aldeias. Nelas, aos poucos iam se estabelecendo sacerdotes e povoadores católicos, que se empenhavam em fazer apostolado com os silvícolas. Entre os índios dessa região destacavam-se os calchaquíes, muitos dos quais não demoraram em converter-se à santa Religião Católica. E, algum tempo depois, passaram a venerar uma imagem de Nossa Senhora que se encontrava na gruta de Ambato, perto do povoado de Choya. Era uma imagem de mármore, de 42 centímetros de altura, que representava a Imaculada Conceição.
Qual a origem dessa imagem? Isto é objeto de apaixonados debates até hoje. Alguns supõem que a tenha levado São Francisco Solano, o qual pregou missões naquelas paragens. Outros julgam que foram os padres jesuítas. Entre os índios da região era crença geral que o próprio Deus formou a imagem e a colocou na gruta de Ambato.
Os espanhóis tomaram conhecimento da existência da imagem em 1630, pois um dos índios comunicou o fato à autoridade daquela região, Dom Manuel de Salazar, administrador do Vale e defensor dos indígenas. Este cavaleiro, bom cristão e de origem nobre, atuou como deve fazer uma verdadeira autoridade nestes casos: de forma discreta mas eficaz. Foi verificar se era procedente a comunicação, pois temia que  os índios estivessem adorando algum ídolo. Confirmando não haver nada de pagão naquela devoção, tentou convencer os índios a levarem a imagem para a cidade dos espanhóis. Estes, contudo, não o quiseram. Chegaram até a montar guarda diante da imagem, para evitar qualquer problema. Afinal, após verem que a  imagem sorria e refletia uma luz no olhar, consentiram na trasladação. Esta foi levada para um altar na casa do próprio Salazar, onde começou a operar prodígios.
Mas Nossa Senhora, com saudades de seus índios, fugiu  para a primitiva  gruta. Os espanhóis primeiro pensaram que os índios a tinham levado, mas depois comprovaram que estes nada tinham a ver com o desaparecimento. Levaram-na de volta a imagem para a cidade, mas ela  várias vezes retornou à gruta.
Isto perdurou até que foi edificada uma igreja para a milagrosa imagem, tendo-se destacado especialmente os índios nessa construção.
Apostasia dos índios afasta Nossa Senhora
Infelizmente, o coração humano é inconstante. Quem diria que a tribo dos calchaquíes, para a qual a imagem aparecera, tornar-se-ia uma das mais terríveis inimigas da civilização católica na região? Cumprir os Mandamentos divinos é difícil. Às  vezes, pessoas recém-convertidas à verdadeira Fé progridem na vida espiritual, mas depois abandonam a prática da virtude e tornam-se piores do que eram antes da conversão –“Quanto maior a altura, maior o tombo”...

Com a perversão dos índios calchaquíes, a imagem de Nossa Senhora tornou a desaparecer da igreja, mas não para apoiá-los em sua revolta contra os católicos. Pelo contrário, mostrou-lhes seu desgosto com a apostasia. Os documentos da época atestam que os mais terríveis combates da rebelião indígena coincidem com novas desaparições da imagem, a qual retornava à igreja com o manto cheio de pó, salpicado de barro, com pequenas folhas grudadas e a face ruborizada.
Foi especialmente notória a aparição de Nossa Senhora aos indígenas durante o ataque à cidade de Valle Viejo e ao forte São Bernardo, em 1658. Quando, 10 anos após esse ataque, desejando os espanhóis lembrar a vitória, levaram alguns índios prisioneiros à igreja onde se encontrava a imagem, estes começaram a gritar e a pedir para sair da Igreja. Por que razão? Observando a face da imagem, reconheceram nela a "guerreira que vimos em muitas batalhas". E ficaram apavorados.
Que triste reviravolta! Tão amados da Virgem, a ponto de Ela deixar outros filhos para permanecer junto a seus filhos indígenas. E depois tão infiéis, a ponto de se aterrorizarem com Ela!
Tal fato deve servir de ponto de meditação para nós: se isso ocorreu naquela época com indígenas, o mesmo pode ocorrer com católicos que apostatam de sua fé, adotando uma falsa religião ou entregando-se ao neopaganismo. Meditemos nisto a tempo, para evitarmos que tantas imagens de Nossa Senhora que protegem o Brasil se afastem de nós. E também para não chegarmos à tristíssima situação de nos atemorizarmos em presença dEla.
Socorro materno para os filhos fiéis
Os indígenas reconheceram, olhando essa face, "a guerreira que vimos em muitas batalhas"
Mas se nos mantivermos fiéis e não relativizarmos nossa Fé, poderemos presenciar milagres como o ocorrido com um devoto de Nossa Senhora de Catamarca. Após recuperar a saúde graças à intercessão da Virgem, ele decidiu fazer uma peregrinação até seu Santuário, para agradecer-lhe o favor. Tendo atingido a região de Salinas, seca por excelência, faltou-lhe água. Estava para morrer, quando encontrou um jarro de prata cheio de água. Ficou muito surpreso, pois encontrar água já teria sido um prodígio, mas outro prodígio é encontrá-la  num jarro de prata de muito valor, em pleno deserto. Decidiu então levá-lo ao Santuário, em agradecimento a Nossa Senhora. Qual não foi sua surpresa quando, ao entrar na sacristia, tomou conhecimento de que esse mesmo jarro havia desaparecido misteriosamente do Santuário na data em que ele o encontrara no deserto...
Pensemos nesses fatos: alguns tinham tudo e tudo perderam pelo pecado; outro nada tinha e estava às portas da morte; foi salvo pela devoção a Nossa Senhora. Sejamos como este filho confiante e fiel.

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