sábado, 28 de setembro de 2013

Da primeira Legenda paleoeslava (ed. M. Weingart, Praga 1934, 974-983)


Martírio de São Venceslau



O trono do rei que julga os pobres na verdade

permanecerá firme eternamente


         "Quando Bratislau morreu, os Boêmios proclamaram duque seu filho Venceslau. Por graça de Deus, era um homem de fé e santidade. Era benfeitor dos pobres, vestia os que não tinham roupa, dava alimento aos famintos e acolhia os peregrinos, conforme os ensinamentos do Evangelho. Não tolerava injustiças para com as viúvas, amava todos os homens, pobres ou ricos, ajudava os ministros de Deus e dotava de benefícios muitas igrejas.
          Mas alguns homens da Boêmia, instigados pela ambição, persuadiram Boleslau, seu irmão mais novo, dizendo: «O teu irmão Venceslau conspira com vossa mãe e com os seus homens para te matar».
          Venceslau costumava ir a todas as cidades para visitar as suas igrejas no dia da dedicação de cada uma delas. E num domingo, festa de São Cosme e São Damião, foi à cidade de Boleslávia. Depois de participar no sacrifício eucarístico, quis voltar para Praga, mas Boleslau dissuadiu o, com pérfida intenção, dizendo lhe: «Porque te hás de ir embora, irmão?».
           Ao amanhecer, tocaram os sinos para o ofício matutino. E Venceslau, ao ouvir o toque dos sinos, disse: «Louvado sejais, Senhor, que me concedestes a vida até esta manhã». Levantou se e dirigiu se para o ofício matutino.
          Imediatamente o perseguiu Boleslau, detendo o junto à porta. Venceslau olhou para ele e disse: «Irmão, ainda ontem eras para mim um bom vassalo». Mas o diabo, sugestionando os ouvidos de Boleslau, perverteu o seu coração; e desembainhando a espada, Boleslau respondeu a seu irmão: «Agora quero ser ainda melhor». Tendo dito isto, feriu a sua cabeça com a espada.
         Então Venceslau, voltando se para ele, disse: «Que intenção é a tua, irmão?». E agarrando o, prostrou o por terra. Acorreu naquele momento um dos conselheiros de Boleslau e feriu a mão de Venceslau. Este, assim ferido, deixou o irmão e quis refugiar se na igreja; mas foi surpreendido por outros dois malfeitores que o mataram à porta da igreja; finalmente, apareceu ainda outro conjurado, que lhe trespassou o peito com uma espada. Imediatamente Venceslau exalou o último suspiro, com estas palavras: Nas vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.

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