terça-feira, 21 de maio de 2013

Papa Francisco: Jesus não exclui ninguém



Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 19 de 12 de Maio de 2013

        Jesus não excluiu ninguém. Construiu pontes, não muros. A sua mensagem de salvação é para todos. Na manhã de 8 de Maio, durante a missa na Domus Sanctae Marthae, o Papa Francisco meditou sobre a atitude do bom evangelizador: aberto a todos, pronto a ouvir todos, sem exclusões. Felizmente, observou, «esta é uma boa fase na vida da Igreja: estes últimos cinquenta, sessenta anos, foram um tempo positivo. Porque recordo-me que quando eu era criança nas famílias católicas, também na minha, se ouvia dizer: «Não, não podemos ir a casa deles, porque não são casados na Igreja». Tratava-se de uma exclusão. Não, não podias ir! Porque são socialistas ou ateus, não podemos ir. Agora, graças a Deus, já não se diz».
      O Pontífice propõe o exemplo do apóstolo Paulo que no aerópago (Atos dos Apóstolos, 17, 15.22 — 18,1) anuncia Jesus Cristo entre os adoradores de ídolos. Na opinião do Papa, é importante o modo como o faz: «Ele não diz: «Idólatras, ireis para o inferno...», mas «procura chegar aos seus corações»; desde o início não condena, procura o diálogo: «Paulo é um pontífice, um construtor de pontes. Ele não quer tornar-se um construtor de muros». Construir pontes para anunciar o Evangelho, «esta é a atitude de Paulo em Atenas: edificar uma ponte no coração deles, para depois dar mais um passo e anunciar Jesus Cristo».
      Paulo ensina qual deve ser o caminho da evangelização a ser percorrido com coragem. E «quando a Igreja perde esta coragem apostólica, torna-se uma Igreja estagnante. Ordenada, bonita; tudo bom, mas sem fecundidade, porque perdeu a coragem de ir até às periferias, onde vivem muitas pessoas vítimas da idolatria, da mundanidade, do pensamento tíbio». E mesmo se o medo de errar reprime, é necessário pensar que é possível levantar-se e ir em frente. «Quantos não caminham para não errar — concluiu o Papa Francisco — cometem um erro mais grave».
       E na missa celebrada na manhã de 7 de Maio, o Papa recordou que a alegria e a força da suportação cristã rejuvenesce o homem e ajuda a aceitar e a viver pacientemente tribulações e dificuldades da vida. Concelebraram os cardeais Angelo Comastri e Jorge Mejia, os prelados Carlos Aguiar Retes, arcebispo de Tlalnepantla no México, e presidente do CELAM, com o auxiliar Efraín Martinez Mendoza; Vittorio Lanzani, delegado da Fábrica de são Pedro; Francisco Javier Chavolla Ramos, bispo de Toluca no México, e Juan José Omella, bispo de Clahorra y La Calzada-Logroño, Espanha.
      As leituras do dia — tiradas dos Atos dos Apóstolos (16, 22-24) e do evangelho de João (16, 5-11) — ofereceram ao Papa a ocasião para repropor o espírito de suportação testemunhado pelos primeiros mártires cristãos. A este propósito, recordou o testemunho de Paulo e Silas que, prisioneiros, permaneceram em oração e cantaram hinos a Deus. Os outros prisioneiros escutavam-nos admirados: «espancados e cheios de chagas “cantam, rezam... pessoas meio estranhas!”. Mas eles — explicou o Pontífice — estavam em paz. Eram felizes por ter sofrido em nome de Jesus. Estavam tranquilos. Cantavam, rezavam e sofriam. Naquele momento, eles estavam naquele estado de ânimo tão cristão: o da paciência. Quando Jesus iniciou a estrada da sua Paixão, depois da ceia, “entra na paciência”». Entrar na paciência: é este «o caminho que Jesus ensina a nós, cristãos. Entrar na paciência». Mas isto «não quer dizer ser triste. Não, não, é outra coisa! Isto quer dizer suportar, carregar nos ombros o peso das dificuldades, o peso das contradições e das tribulações».
     Um «amigo» que todos os dias se torna para cada um de nós «companheiro de caminho», foi o perfil do Espírito Santo traçado pelo Papa Francisco na missa celebrada na manhã de segunda-feira 6 de Maio, na capela da Domus Sanctae Marthae. Para o conhecer, sobretudo para reconhecer a sua ação na nossa vida «é importante — este é o conselho do Pontífice — fazer o exame de consciência» todas as noites antes de adormecer.
     Na missa de 4 de Maio, o Papa Francisco disse que os cristãos são hoje mais perseguidos do que no início da história do cristianismo. A causa originária de cada perseguição é o ódio do príncipe do mundo em relação a quantos foram salvos e remidos por Jesus com a sua morte e ressurreição. As únicas armas para se defender são a palavra de Deus, a humildade e a mansidão. Indicou também um caminho a seguir para aprender a deslindar-se entre as insídias do mundo.

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